São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

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Universidade caseira é trunfo de campeãs

Luciana Whitaker/Folha Imagem
Alunos da escola municipal Liceu Prefeito Cordolino Ambrósio, a melhor pública de Petrópolis


DO ENVIADO ESPECIAL A PETRÓPOLIS

DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO CARLOS

As cidades que ficaram nas duas primeiras colocações no ranking do Enem elaborado pela Folha, Petrópolis (RJ) e São Carlos (SP), têm algo em comum: abrigam conceituadas universidades e tratam a educação como prioridade.
A participação da classe média nas escolas administradas pelo governo e o fato de os professores da rede pública serem os mesmos da particular foram os fatores que, na avaliação da secretária municipal de Educação de Petrópolis, Sumara Brito, explicam o bom desempenho do município.
Além de ter ficado em primeiro lugar no ranking, Petrópolis também aparece na 9ª colocação entre as redes públicas apenas.
Na escola particular de melhor desempenho na cidade, a Escola Ipiranga, e na melhor pública, o Liceu Municipal Professor Cordolino Ambrósio, uma parte dos professores vem do Rio.
Os demais foram formados na Universidade Católica de Petrópolis e em outras instituições de ensino superior sediadas no município.
São Carlos, no interior paulista, a cidade brasileira que teve a segunda melhor média no Enem 2005 (52,06 pontos), deve muito de seu desempenho ao fato de abrigar duas das mais conceituadas universidades públicas brasileiras: USP e UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Essa é a avaliação unânime de representantes do poder público, coordenadores pedagógicos e pesquisadores do setor de educação ouvidos pela Folha.
Na auto-intitulada capital nacional da tecnologia, que tem população de 213 mil pessoas e renda per capita de quase R$ 12 mil, existe um doutor em cada grupo de 200 habitantes. "Há uma mania por continuidade de estudos", constata o diretor pedagógico da Educativa (escola particular com média de 70,8 pontos no Enem 2005), Fernando Fernandes.
Na rede pública, onde os percentuais de mestres e doutores são bem menos robustos, iniciativas como a parceria da secretaria municipal de educação com a UFSCar (que prevê a oferta de cursos de extensão para professores) atuam na redução do déficit.
Apesar do trabalho, 19,6 pontos ainda separam os sistemas privado e público de São Carlos na média do Enem. No primeiro, a nota foi de 62,9 pontos -a mais alta da rede particular do país. No ensino gratuito, o índice caiu para 43,3 pontos, deixando a cidade fora da lista das 20 melhores.
Segundo a professora do Departamento de Metodologia de Ensino da UFSCar Ana Luiza Rocha, a causa da diferença é clara. "A classe média coloca os filhos na escola particular."
Já para a secretária municipal de Educação, Géria Montanari, a disparidade é resultado de um processo histórico agravado pela proporção de estudantes por sala nos colégios públicos. "O problema é de estrutura. Se tem 30 alunos, é uma coisa. Se tem 15, é outra."
A dirigente regional de ensino Débora Gonzalez, responsável pelas 27 instituições públicas de nível médio da cidade, contesta a hipótese. "Não temos salas superlotadas aqui. O que acontece é que o aluno da rede pública está com a carga horária muito cheia."
(ANTÔNIO GOIS E LUCAS NEVES)


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