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Fiquei no meio do fogo cruzado, contou o pai do garoto de 8 anos
DA SUCURSAL DO RIO
Horas depois do assalto em
que seu filho por pouco não se
torna mais uma vítima da violência no Rio, o aposentado
Carlos Augusto Eugênio da Silva, 50, minimiza a atual preocupação.
"Tenho que ver como consertar o meu carro, que está com
seis perfurações. Ainda bem
que é essa a minha preocupação, mas não deixa de ser uma
dor de cabeça", diz aliviado.
Ele voltava com o filho, Anderson Silva, 8, e sua namorada
Sandra Ramos da Silva, 47, de
uma festa de criança, motivo
pelo qual seu filho estava dormindo no banco de trás do carros. "Ele brincou muito". Mais
uma vez, ele agradece que às
17h30 de ontem o filho estivesse fazendo a mesma coisa.
"Graças a Deus está tudo bem
com ele. Está no playground
brincando".
(IN)
FOLHA - Como foi a ação dos assaltantes?
CARLOS AUGUSTO EUGÊNIO DA SILVA
- A gente estava ali perto do
cemitério [de Irajá] quando
eles fecharam o nosso carro
com um táxi. Não tive como fugir. Cinco elementos desceram
do carro e um deles apontou a
arma para a minha cabeça, enquanto outro fazia o mesmo
com a minha namorada. Eles
vieram gritando "Perdeu! Perdeu! Sai do carro!".
FOLHA - O seu filho estava dormindo no banco de trás?
CARLOS - Estava. Eu saí gritando: "Meu filho está no banco de
trás! Tenho que tirar ele de lá!",
quando os policiais chegaram e
os bandidos começaram a troca
de tiros. Fiquei no meio do fogo
cruzado! Quando começou, cada um correu para um lado.
Meu filho, que estava dormindo deitado no banco de trás,
continuou abaixado e fugiu para atrás do poste.
Quando acabou o tiroteio gritei: "Anderson, cadê você?!".
Foi aí que vi que ele tinha se escondido atrás do poste. "Estou
aqui, pai".
FOLHA - Ele estava com cinto?
CARLOS - Graças a Deus não,
porque estava deitado. A gente
estava voltando de uma festa de
criança. Ele brincou muito, estava muito cansado. Se tivesse
com cinto ele dificilmente conseguiria sair do carro. Tem horas que o melhor é ficar sem o
cinto [de segurança].
FOLHA - Em algum momento lembrou do caso do João Hélio?
CARLOS - Dá até para comparar
[com o caso]. Mas na hora não
dá nem para pensar em nada.
Era medo de [o filho] ser levado, de bala perdida... Agora tenho que ver como consertar o
carro. Ele está com seis perfurações no vidro, pára-brisa, lataria... Ainda bem que é essa a
minha preocupação. Isso é o de
menos, mas não deixa de ser
uma preocupação.
FOLHA - É a primeira vez que é assaltado?
CARLOS - Está difícil ser [assaltado] a primeira vez aqui no
Rio. Fui assaltado em Brás de
Pina há alguns anos.
FOLHA - Pretende se mudar do Rio?
CARLOS - Mudar para onde?
Onde quer que você vá tem isso.
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