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Ministério Público de SP acusa major da PM por abuso sexual
Segundo a denúncia, o oficial beijou à força uma tenente em horário de serviço; outras policiais afirmaram que também foram vítimas de constrangimento
GILMAR PENTEADO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo denunciou o major da
Polícia Militar Wilson Correa
Leite Junior pelo crime de
atentado violento ao pudor
contra sua subordinada, tenente da PM. Também pediu a prisão preventiva dele. Segundo a
Promotoria, o crime ocorreu
em horário de serviço, pela manhã, dentro da corporação.
De acordo com a denúncia
-acusação formal feita pelo
promotor-, apresentada na semana passada, o major agarrou
e beijou a tenente à força em
novembro de 2004, em seu gabinete no 4º BPM/M (Batalhão
de Polícia Militar Metropolitana), na capital paulista.
Na investigação, outras policiais também afirmaram ter
testemunhado ou terem sido
vítimas de abuso ou constrangimento por parte do oficial.
O oficial foi denunciado em
três artigos do Código Penal
Militar -atentado violento ao
pudor, com aumento de pena
por ser oficial e estar em serviço. O atentado violento ao pudor é considerado crime hediondo.
A denúncia e o pedido de prisão do major estão sendo analisados pelo juiz da 3ª Auditoria
Militar de São Paulo, Enio Luiz
Rossetto. Não havia nenhuma
decisão até o começo da noite
de sexta-feira, segundo a assessoria da Justiça Militar.
O major disse à Folha que
não iria falar a respeito. Durante o inquérito policial militar,
ele negou crime.
Em novembro de 2004, o
major era coordenador operacional do 4º BPM/M -terceiro
na hierarquia da unidade. A tenente denunciou o major ao
serviço reservado do batalhão
no mesmo dia do episódio.
Pelo menos outra policial
disse, em três depoimentos
-na Corregedoria da PM, no
inquérito policial militar e na
Promotoria- que o major tentou agarrá-la à força. O fato teria ocorrido meses antes do
episódio envolvendo a tenente.
"O conjunto de provas é muito forte", afirmou a promotora
Eliana Passarelli, autora de denúncia. Segundo ela, os depoimentos da vítima e de testemunhas são idênticos, o que reforça a acusação. "As policiais
contam sempre a mesma versão da história", disse.
A promotora afirma desconhecer outro caso em que uma
PM resolveu denunciar seu superior por abuso sexual.
Procurada pela Folha, a tenente confirmou a denúncia,
mas afirmou que não tinha autorização para falar e pediu que
seu nome não fosse divulgado.
A promotora pediu a prisão
preventiva -até o julgamento- "diante da gravidade de
delito contra sua subordinada,
em local de trabalho e no exercício de suas funções".
"Qualquer malandro é preso
pelo crime de atentado violento ao pudor. O que dirá um oficial, em serviço, dentro da corporação. Para mim, esse caso é
mais grave que o primeiro."
Segundo ela, a prisão preventiva é necessária para evitar
possível pressão a testemunhas. A promotora pediu também investigação para apurar a
demora na apuração do caso.
Foram dois anos e quatro meses entre o fato e a denúncia.
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