São Paulo, segunda-feira, 12 de março de 2007

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Ministério Público de SP acusa major da PM por abuso sexual

Segundo a denúncia, o oficial beijou à força uma tenente em horário de serviço; outras policiais afirmaram que também foram vítimas de constrangimento

GILMAR PENTEADO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público de São Paulo denunciou o major da Polícia Militar Wilson Correa Leite Junior pelo crime de atentado violento ao pudor contra sua subordinada, tenente da PM. Também pediu a prisão preventiva dele. Segundo a Promotoria, o crime ocorreu em horário de serviço, pela manhã, dentro da corporação.
De acordo com a denúncia -acusação formal feita pelo promotor-, apresentada na semana passada, o major agarrou e beijou a tenente à força em novembro de 2004, em seu gabinete no 4º BPM/M (Batalhão de Polícia Militar Metropolitana), na capital paulista.
Na investigação, outras policiais também afirmaram ter testemunhado ou terem sido vítimas de abuso ou constrangimento por parte do oficial.
O oficial foi denunciado em três artigos do Código Penal Militar -atentado violento ao pudor, com aumento de pena por ser oficial e estar em serviço. O atentado violento ao pudor é considerado crime hediondo.
A denúncia e o pedido de prisão do major estão sendo analisados pelo juiz da 3ª Auditoria Militar de São Paulo, Enio Luiz Rossetto. Não havia nenhuma decisão até o começo da noite de sexta-feira, segundo a assessoria da Justiça Militar.
O major disse à Folha que não iria falar a respeito. Durante o inquérito policial militar, ele negou crime.
Em novembro de 2004, o major era coordenador operacional do 4º BPM/M -terceiro na hierarquia da unidade. A tenente denunciou o major ao serviço reservado do batalhão no mesmo dia do episódio.
Pelo menos outra policial disse, em três depoimentos -na Corregedoria da PM, no inquérito policial militar e na Promotoria- que o major tentou agarrá-la à força. O fato teria ocorrido meses antes do episódio envolvendo a tenente.
"O conjunto de provas é muito forte", afirmou a promotora Eliana Passarelli, autora de denúncia. Segundo ela, os depoimentos da vítima e de testemunhas são idênticos, o que reforça a acusação. "As policiais contam sempre a mesma versão da história", disse.
A promotora afirma desconhecer outro caso em que uma PM resolveu denunciar seu superior por abuso sexual.
Procurada pela Folha, a tenente confirmou a denúncia, mas afirmou que não tinha autorização para falar e pediu que seu nome não fosse divulgado.
A promotora pediu a prisão preventiva -até o julgamento- "diante da gravidade de delito contra sua subordinada, em local de trabalho e no exercício de suas funções".
"Qualquer malandro é preso pelo crime de atentado violento ao pudor. O que dirá um oficial, em serviço, dentro da corporação. Para mim, esse caso é mais grave que o primeiro."
Segundo ela, a prisão preventiva é necessária para evitar possível pressão a testemunhas. A promotora pediu também investigação para apurar a demora na apuração do caso. Foram dois anos e quatro meses entre o fato e a denúncia.


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