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Grupo explode parede, pára em blindagem e afeta prédio vizinho
Assaltantes usaram uma bomba em tentativa de assalto a uma transportadora de valores localizada no centro de SP
O impacto danificou um cortiço e um prédio de 16 andares, mas a blindagem do muro impediu o acesso ao cofre da empresa
RACHEL AÑÓN
DA AGÊNCIA FOLHA
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma parede blindada frustrou o plano de uma quadrilha
de 20 homens de assaltar uma
transportadora de valores anteontem na região central de
São Paulo. O grupo tentou, sem
sucesso, explodir a parede -o
impacto, entretanto, danificou
prédios vizinhos. Ninguém se
feriu, mas houve pânico entre
os moradores -cinco deles tiveram crise nervosa.
Os criminosos fugiram sem
levar nada, após trocar tiros
com seguranças da empresa.
A ação começou por volta das
23h, quando os ladrões, armados com fuzis e metralhadoras,
chegaram à sede da empresa,
na rua Camaragibe (Barra Funda). Eles estavam em quatro
carros -alguns usavam capuz.
De acordo com testemunhas,
metade do grupo permaneceu
na rua. O restante entrou em
um cortiço onde pelo menos 70
pessoas ocupam 17 quartos.
Ali, os moradores receberam
ordem de não deixar os quartos. Os criminosos então subiram dois lances de escada até a
laje de um dos quartos do cortiço. Ela dá acesso ao muro da
RRJ Transporte de Valores.
Em seguida, os ladrões instalaram a bomba, desceram dois
andares, abrigaram-se num banheiro e ligaram o detonador.
A explosão abriu um buraco
de 1,5 m de diâmetro na parte
de concreto do muro da empresa. No entanto, a blindagem
com chapas de aço que "recheia" o muro resistiu.
Três dos 17 quartos do cortiço foram destelhados, tiveram
vidros das janelas quebrados e
portas derrubadas.
O edifício Angatuba, atrás da
transportadora de valores, teve
48 dos 110 apartamentos danificados (portas, janelas e vidros
quebrados). Aproximadamente 500 pessoas moram no prédio, de 16 andares. Segundo a
Defesa Civil, nenhum dos imóveis precisa ser interditado.
Sem conseguir chegar ao cofre da empresa, os assaltantes
fugiram. Na rua Camaragibe,
diante da empresa, houve troca
de tiros com os seguranças, que
estavam num Celta e num carro blindado -um carro forte e
um veículo importado foram
atingidos por cinco disparos.
A fachada da empresa ficou
com marcas de tiros. Ninguém
foi ferido ou preso pela PM, que
chegou 15 minutos depois.
"Pensei que um avião tinha
nos atingido. Desci as escadas e
via cacos de vidro no chão, tudo
quebrado. Chamei vizinhos para fugir", disse a dona-de-casa
Mércia de Souza, 42, moradora
do sexto andar do Angatuba.
Morador do apartamento 47
do prédio, um dos mais atingidos, o italiano Gesualdo Carmelo Vicenzo Gattuzo, 88, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, disse que nunca tinha imaginado passar por uma
situação parecida.
"Lutei ao lado dos brasileiros
em Monte Castelo [Itália] e
nem na guerra passei tão perto
de uma bomba. Escutei tudo
caindo e quando saí do quarto
vi tudo destruído. Foi difícil
sair. Tive que tirar vidros do caminho", afirmou o aposentado.
"Como morar em um lugar
que tem um verdadeiro quartel
embaixo?", questionava o autônomo Evaristo Cintra Filho,
32, com o apartamento recém-reformado.
Procurada, a empresa RRJ
informou que seu departamento jurídico estuda a possibilidade de ressarcir quem teve seu
imóvel danificado durante a
tentativa de assalto.
O caso foi registrado no 23º
Distrito Policial de Perdizes. O
delegado Otávio Granada acionou a perícia técnica para levantar o tipo de explosivo usado pela quadrilha.
A polícia também vai analisar
as imagens gravadas pelas câmeras da empresa.
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