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Após lei seca, SP poupa 4 vidas por semana
Balanço dos acidentes na capital paulista mostra que houve redução de 12% nas vítimas fatais no trânsito no 2º semestre
A má notícia está ligada aos motociclistas, as únicas vítimas que continuaram a subir em 2008, ainda que num ritmo menor
ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de mortes no trânsito da cidade de São Paulo
atingiu no ano passado seu menor patamar desde 2004. Foram 1.463 vítimas fatais, 6,6% a
menos que 2007, isso num ano
em que a frota subiu 7%.
A redução foi causada, principalmente, pela lei seca. No
primeiro semestre, quando
ainda não estava em vigor, a
queda era inferior a 1%.
No segundo semestre (a nova
legislação passou a vigorar no
dia 20 de junho), a redução das
mortes superou 12% em relação ao mesmo período de 2007.
É como se a capital paulista
tivesse, depois da proibição de
dirigir após beber, poupado
praticamente uma vida no
trânsito a cada dois dias. Ou
quase quatro por semana.
As estatísticas gerais fazem
parte de balanço da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), baseado em indicadores do
IML (Instituto Médico Legal).
A diminuição das vítimas, no
entanto, ainda está aquém do
impacto logo após a implantação do Código de Trânsito Brasileiro e da fiscalização da velocidade por radares, no final dos
anos 90, quando chegou a haver
queda anual superior a 20%.
Nesta década, a quantidade
de mortes no trânsito teve outras variações, mas não igual à
do segundo semestre de 2008.
A má notícia está ligada aos
motociclistas, as únicas vítimas
que continuaram a subir em
2008. Embora num ritmo menor do que nos anos anteriores,
as mortes dos ocupantes de
motos cresceram 2,6%.
No ano passado, a administração do prefeito Gilberto
Kassab (DEM) chegou a anunciar algumas medidas para tentar reduzir os acidentes com
motos, mas acabou recuando
após repercussão negativa.
A prefeitura testou uma faixa
exclusiva para motos na av. 23
de Maio. Mas, diante da piora
significativa dos congestionamentos, desistiu da ideia logo
no terceiro dia de testes.
A CET também anunciou
que vetaria a circulação de motos na pista expressa da marginal Tietê, porém recuou após
protestos dos motoboys.
O aumento drástico nas mortes de motociclistas ocorre há
mais de uma década, ligado à
expansão dessa frota e aos riscos desse tipo de transporte.
O problema, que já foi motivo
de alerta até da OMS (Organização Mundial da Saúde), é alvo
de cobrança de especialistas
em trânsito por iniciativas mais
drásticas do poder público.
Várias medidas já foram sugeridas por técnicos, embora
não de forma consensual.
Exemplos: criação de faixas exclusivas para motos e restrição
à circulação delas nos estreitos
corredores entre os carros.
Em 1997, as motos somavam
7,5% dos veículos e 10,8% das
mortes no trânsito. Em 2008,
11,8% da frota e 32,7% das vítimas em acidentes viários.
Ressalvas
A melhoria da segurança viária na cidade após a lei seca repete tendência de outros indicadores (como a queda dos
atendimentos hospitalares e
das mortes nas estradas).
Especialistas fazem ressalvas, no entanto, às conclusões
otimistas. Dizem que a lei só
tende a ter impacto onde houver fiscalização rigorosa.
Não é à toa que há indicadores negativos, principalmente
no interior do país, onde a estrutura de policiamento e de
equipamentos é bem pior.
Na avaliação de técnicos, os
benefícios também não estão
consolidados como uma tendência permanente, podendo
haver relaxamento no comportamento dos motoristas.
Alexandre de Moraes, presidente da CET, atribui a queda
das mortes não só à lei seca como ao "aumento da fiscalização" pela companhia. Boa parte
dos radares, porém, ficou fora
de operação no final de 2008.
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