São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2010

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Blitz flagrou focos de dengue na Sabesp 2 vezes

Três semanas após vistoria, agentes voltaram a encontrar larvas do mosquito transmissor

Problema não interfere na qualidade da água tratada e distribuída na estação; site da estatal traz informações de combate à dengue

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

"A melhor estratégia para combater" a dengue "é atacar a origem do problema", no "nascedouro dos mosquitos". "O melhor remédio" é "a prevenção". "Evite deixar água parada", prega a Sabesp em ações educativas para a população.
O discurso é bom, mas a estatal responsável pelo abastecimento em São Paulo já foi flagrada duas vezes neste ano na contramão daquilo que defende em suas atividades cívicas.
Vistorias de agentes da Vigilância Ambiental/Zoonoses da gestão Gilberto Kassab (DEM) identificaram a presença de larvas do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, acumuladas em plena estação de tratamento de água da Sabesp no Alto da Boa Vista, na zona sul da capital paulista.
A estatal ligada ao governo José Serra (PSDB) foi notificada do problema no dia 7 de janeiro passado. Não foi suficiente. Houve reincidência três semanas depois, no mesmo endereço: rua Graham Bell, 647.
As larvas do mosquito foram encontradas, segundo a Sabesp, em uma caçamba de entulho e em uma lona azul, na vizinhança do laboratório de controle sanitário do terreno. Um dos relatórios da vistoria cita também uma "carcaça de carro".
O mapa das inspeções obtido pela Folha também alertava para a necessidade de a Sabesp retirar a água acumulada em ao menos três pontos do terreno.
O problema detectado pela Vigilância Ambiental/Zoonoses não interfere na qualidade da água tratada e distribuída pela Sabesp por meio dessa estação a 4 milhões de habitantes das zonas sul, oeste e central.
Mas ele é revelador do descuido no combate à dengue inclusive dentro de um órgão público que prega a importância de ações contra a doença.
Ela tem sido atualmente alvo de preocupação das autoridades de saúde. O número de casos de dengue registrados no país neste ano mais do que dobrou em relação ao ano passado. No começo de fevereiro, eles já passavam de 100 mil.
Na capital paulista, houve 67 casos autóctones (contraídos dentro da própria cidade) no primeiro bimestre, contra 26 no mesmo período de 2009.

Discurso
Em seu próprio site, a Sabesp faz campanha educativa para orientar a população sobre a importância de combater a dengue. As orientações vão de não deixar água parada em qualquer tipo de recipiente a evitar ter bromélias em casa.
"Tomando esses cuidados básicos, reduz-se drasticamente a chance de o mosquito se reproduzir", informa a estatal.
A Sabesp também participou de "reflexão cívica" no interior paulista nos últimos meses para alertar e mobilizar a população contra a doença.
O próprio Clubinho Sabesp (dedicado ao público infantil) já se envolveu em campanhas contra a dengue, ensinando crianças no parque Ibirapuera.
A Secretaria da Saúde da gestão Kassab não quis dar detalhes das notificações em relação às larvas do Aedes aegypti encontradas na área da Sabesp.
Só informou que tem como atividade de rotina as visitas a casas (onde são encontrados mais de 80% dos criadouros do mosquito), a empresas e a outros pontos estratégicos.
O trabalho, diz a pasta, é "educativo" e não envolve multas (apesar da reincidência). Ela afirma que visa orientar a população, verificar criadouros e erradicar os riscos.


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