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Inscrições no Táxi Amigão triplicam apenas no papel
Taxistas se cadastram, mas não comparecem aos pontos no período em que programa dá desconto
FERNANDA PEREIRA NEVES
DA FOLHA ONLINE
Criado com o objetivo de diminuir o número de pessoas
que dirigem sob o efeito de bebidas alcoólicas em São Paulo, o
programa Táxi Amigão triplicou o número de taxistas inscritos nos três meses em que está
em vigor, segundo a prefeitura.
Apesar disso, taxistas reclamam do programa e afirmam
que essa elevação no número de
inscritos não é verificada na
prática. O Táxi Amigão reduz o
preço da tarifa em 30% nas noites de sexta-feira, sábado e véspera de feriado.
"Muitas vezes eles se cadastram, mas não comparecem aos
pontos no período do programa. Isso porque os mesmos taxistas já trabalharam de segunda a sexta durante o dia. Ninguém aguenta", afirmou Giovanni Romano, assessor da presidência do Sindicato dos Taxistas Autônomos.
Segundo informações da Secretaria Municipal dos Transportes, atualmente são 2.604
táxis funcionando de acordo
com o programa. Quando entrou em vigor, em 4 de dezembro do ano passado, eram 721
em toda a cidade, de uma frota
de 32 mil táxis com licença.
Os passageiros podem identificar os táxis que aderiram ao
programa por meio dos luminosos, que ficam na cor verde, em
vez da tradicional cor branca,
além de adesivos com o símbolo
da campanha.
Apesar do aumento no número de taxistas credenciados, não
há um levantamento da secretaria sobre a quantidade de
clientes que utilizam esses táxis
no período de funcionamento
do programa -das 20h às 6h.
Ainda assim, a pasta diz que "a
resposta da sociedade tem sido
altamente positiva".
Para muitos taxistas, o programa é apontado como ruim
para a categoria. "O Táxi Amigão não compensa. Todo outro
profissional que trabalha à noite tem um adicional noturno.
Por que nós taxistas temos que
dar desconto?", questiona Mauro Augusto Silva, 52.
Opinião semelhante tem o taxista Carlos Mendes da Silva,
29. "Aumenta o preço do álcool,
do gás, do IPVA. Não tem condições de a gente dar desconto. A
categoria está precisando de
reajuste", afirmou.
Segundo informações do sindicato dos taxistas, a categoria
está há mais de três anos sem
reajuste e, por isso, é inviável
aderir a um programa de redução de tarifa. De acordo com
Romano, nem o possível aumento no número de passageiros -atraídos pelo desconto-
resulta em benefício para o motorista. "Ônibus teve reajuste,
metrô teve reajuste, o que faz o
governo pensar que os taxis não
precisam reajustar o valor cobrado pelo serviço prestado?"
Há, no entanto, motoristas
que destacam o Táxi Amigão como uma oportunidade de conseguir ponto fixo, além de atrair
jovens que normalmente não
usam o serviço. "Para quem não
tinha ponto antes, o programa
foi ótimo", afirmou o Antonio
Carlos Cesário, 56, taxista há
três anos.
FOLHA ONLINE
Veja lista de pontos do
Taxi Amigão
www.folha.com.br/100702
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