São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2010

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Inscrições no Táxi Amigão triplicam apenas no papel

Taxistas se cadastram, mas não comparecem aos pontos no período em que programa dá desconto

FERNANDA PEREIRA NEVES
DA FOLHA ONLINE

Criado com o objetivo de diminuir o número de pessoas que dirigem sob o efeito de bebidas alcoólicas em São Paulo, o programa Táxi Amigão triplicou o número de taxistas inscritos nos três meses em que está em vigor, segundo a prefeitura.
Apesar disso, taxistas reclamam do programa e afirmam que essa elevação no número de inscritos não é verificada na prática. O Táxi Amigão reduz o preço da tarifa em 30% nas noites de sexta-feira, sábado e véspera de feriado.
"Muitas vezes eles se cadastram, mas não comparecem aos pontos no período do programa. Isso porque os mesmos taxistas já trabalharam de segunda a sexta durante o dia. Ninguém aguenta", afirmou Giovanni Romano, assessor da presidência do Sindicato dos Taxistas Autônomos.
Segundo informações da Secretaria Municipal dos Transportes, atualmente são 2.604 táxis funcionando de acordo com o programa. Quando entrou em vigor, em 4 de dezembro do ano passado, eram 721 em toda a cidade, de uma frota de 32 mil táxis com licença.
Os passageiros podem identificar os táxis que aderiram ao programa por meio dos luminosos, que ficam na cor verde, em vez da tradicional cor branca, além de adesivos com o símbolo da campanha.
Apesar do aumento no número de taxistas credenciados, não há um levantamento da secretaria sobre a quantidade de clientes que utilizam esses táxis no período de funcionamento do programa -das 20h às 6h. Ainda assim, a pasta diz que "a resposta da sociedade tem sido altamente positiva".
Para muitos taxistas, o programa é apontado como ruim para a categoria. "O Táxi Amigão não compensa. Todo outro profissional que trabalha à noite tem um adicional noturno. Por que nós taxistas temos que dar desconto?", questiona Mauro Augusto Silva, 52.
Opinião semelhante tem o taxista Carlos Mendes da Silva, 29. "Aumenta o preço do álcool, do gás, do IPVA. Não tem condições de a gente dar desconto. A categoria está precisando de reajuste", afirmou.
Segundo informações do sindicato dos taxistas, a categoria está há mais de três anos sem reajuste e, por isso, é inviável aderir a um programa de redução de tarifa. De acordo com Romano, nem o possível aumento no número de passageiros -atraídos pelo desconto- resulta em benefício para o motorista. "Ônibus teve reajuste, metrô teve reajuste, o que faz o governo pensar que os taxis não precisam reajustar o valor cobrado pelo serviço prestado?"
Há, no entanto, motoristas que destacam o Táxi Amigão como uma oportunidade de conseguir ponto fixo, além de atrair jovens que normalmente não usam o serviço. "Para quem não tinha ponto antes, o programa foi ótimo", afirmou o Antonio Carlos Cesário, 56, taxista há três anos.

FOLHA ONLINE
Veja lista de pontos do Taxi Amigão
www.folha.com.br/100702



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