São Paulo, Sexta-feira, 12 de Março de 1999
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Trânsito e fones de emergência são os primeiros a congestionar em SP

da Redação

Trânsito e telefones de emergência da cidade de São Paulo -bombeiros, polícia, CET e, principalmente, o da Eletropaulo- foram os primeiros a sofrer com a falta de luz. Ficaram imediatamente congestionados.
Nas ruas, o problema principal era que 70% dos semáforos estavam apagados. Os principais cruzamentos da cidade estavam parados. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) fazia esquemas alternativos, como a interrupção da passagem da av. Rebouças no cruzamento com a Faria Lima (zona sudoeste de SP). Os motoristas eram obrigados a entrar na Faria Lima e contornar a avenida para retomar o tráfego na Rebouças.
Nos telefones de emergência, a sobrecarga foi em vão. Nenhum dos órgãos públicos sabia explicar o que acontecia ou se havia previsão de retorno da energia elétrica.
Os bombeiros, por exemplo, não tinham mais linhas disponíveis e todas as ligações eram atendidas com a mesma informação: eles não sabiam o que estava acontecendo.
A situação chegou a um ponto em que representantes da Eletropaulo pediam em emissoras de rádio que as pessoas parassem de ligar para a central pois de nada adiantava e ainda por cima a central entraria em pane.

Água e polícia
Quase uma hora depois de começar a interrupção na luz, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) veio a público para pedir que as pessoas economizassem água, pois as bombas estavam paralisadas.
O problema era agravado, segundo a Sabesp, porque, depois que voltasse a energia, as bombas demorariam pelo menos 4 h até voltarem ao funcionamento normal.
Os policiais que sairiam de plantão às 22h30 foram retidos e ficaram em serviço até as 2h30 de hoje.
A orientação era para que os carros saíssem todos com as sirenes ligadas para coibir assaltos. O efetivo foi reforçado nas principais vias e nas estações de metrô e de trem.

Hospitais
Por terem geradores de energia próprios, a maioria dos hospitais da cidade operou normalmente sem consequências para os pacientes. Particulares ou públicos, eles conseguiram manter o funcionamento de emergência.
No Hospital das Clínicas, o maior da cidade, a luz chegou a piscar duas vezes, o que deixou o pronto-socorro às escuras por cerca de cinco minutos no total -nos momentos em que a energia voltou. O problema não chegou a afetar os pacientes.
O sistema bancário de transferências e aplicações também foi prejudicado com o blecaute.

Transportes
Com a queda da energia, quatro trens do metrô ficaram parados dentro dos túneis, segundo o diretor de operações do Metrô, Décio Tambelli. Os passageiros foram retirados dos trens por funcionários da companhia.
As estações foram fechadas e, ao retomar as operações, o metrô seguiu funcionando até a 1h de hoje.
Sem luz, os trólebus ficaram parados nas ruas. Muitos deles pararam justamente quando estavam no cruzamento de ruas, piorando ainda mais o trânsito já caótico.
A alternativa à falta de metrô era apelar para os ônibus que, com isso, ficaram lotados. Além de demorar devido ao trânsito, eles passavam pelos pontos, àquela altura abarrotados de gente, sem poder parar pois não havia espaço para nem sequer um passageiro.
No meio do caos, as lotações circulavam livremente, mas também cheias.
Os trens também pararam de funcionar e a PM teve de ir para quatro estações controlar o tumulto -Brás (região central), Itaquera, Artur Alvim (zona leste) e Mogi das Cruzes.
Com geradores de emergência, os aeroportos de Congonhas e Cumbica e a rodoviária do Tietê foram as exceções e conseguiram manter partidas e chegadas.


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