São Paulo, Sexta-feira, 12 de Março de 1999
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Hospitais recorrem a geradores

da Reportagem Local

O funcionamento de hospitais em São Paulo durante o blecaute iniciado ontem às 22h16 dependeu de geradores e do improviso das equipes de atendimento. No Hospital das Clínicas, houve falta de luz inclusive em salas de emergência (leia texto ao lado).
O Hospital do Ipiranga, da rede pública estadual, ficou sem energia elétrica por uma hora e 25 minutos. Uma mulher que passava por uma cesária foi suturada à luz de lanternas, porque o gerador do hospital não funcionou. Os bombeiros foram acionados para levar um gerador de emergência.
Quando a luz acabou, os médicos tiveram de improvisar iluminação para costurar sua barriga, usando, por exemplo, a lanterna de um laringoscópio (instrumento usado para examinar a laringe).
De acordo com a pediatra Águida Rodrigues, 47, os aparelhos do hospital funcionam com bateria que dura pouco mais de uma hora. Graças à bateria, três bebês que estavam no aparelho de respiração artificial do berçário sobreviveram. "A preocupação era que a bateria acabasse antes de o gerador chegar", disse a pediatra.

Reanimação no escuro
Para a médica residente Christiane Gomes Rosa, "foi um horror". Ela estava no pronto-socorro quando o hospital ficou às escuras.
"Se um paciente morresse, ninguém teria visto. Não aconteceu algo grave por sorte", ela disse.
Ela contou que, logo depois que a energia voltou, um paciente sofreu parada respiratória. Enquanto estava sendo reanimado manualmente, a luz acabou de novo. Ele foi reanimado no escuro.
A menina que nasceu logo antes do blecaute vai se chamar Valéria e pesa 3.440 kg. Segundo Rodrigues, ela está passando bem. "Quem mais sofreu foi a mãe", disse. A recém-nascida não tomou banho depois do parto por causa da falta de luz.
Na Santa Casa de São Paulo, o blecaute fez com que alguns setores do hospital, como a UTI e o berçário, ficassem sem luz durante cerca de duas horas e meia.
O caso mais grave ocorreu na área infantil da UTI, em que uma das seis crianças que estavam internadas precisou ser transferida para o centro cirúrgico.
Segundo o Corpo de Bombeiros, outros dois hospitais -o Pérola Byington (região central de São Paulo) e o Leonor Mendes de Barros, no Belém (zona sudeste de São Paulo)- solicitaram geradores.
No Pérola Byington, todos os setores ficaram sem luz. Não foi registrado um aumento no número de internações no pronto socorro.


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