São Paulo, Sexta-feira, 12 de Março de 1999
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Policiais militares são acusados de assassinato no interior de SP

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

A Promotoria de Justiça de Santa Bárbara d'Oeste (a 150 km de São Paulo) denunciou os policiais militares Marco Antônio Dutra Silva e Sérgio Sanches Franceschine sob acusação de homicídio. Eles são acusados de assassinar Glederson Carlos Cruz, 18, com um tiro na nuca em 9 de janeiro passado.
Os PMs serão julgados na Justiça comum.
Eles confessaram ter cometido o crime à Corregedoria da Polícia Militar no início de fevereiro, quando foram ouvidos em depoimento. Outros dois PMs, o cabo Dimas José Costa e o soldado Edmilson José Bueno, estão sendo denunciados por serem acusados de ter contribuído na ocultação do cadáver do rapaz.
Cruz, que trabalhava em uma lanchonete, foi assassinado depois de tentar pular o muro do clube União Agrícola Barbarense. Segundo testemunhas, ele tentou entrar em um baile noturno sem pagar.
Além dos PMs, os seguranças do clube Antônio Lima da Silva e Reinaldo Bernardo Ferreira tiveram participação no crime.
Eles também respondem por homicídio.
Segundo o delegado titular de Santa Bárbara d"Oeste, João Sérgio Marques Batista, que presidiu o inquérito policial, os dois PMs "faziam um bico" como seguranças do clube.
"O inquérito policial está concluído e os seis envolvidos foram denunciados pela morte de Glederson. Eles confessaram o crime à Corregedoria da PM", disse o delegado Batista.
Após ser flagrado pulando o muro, Cruz foi levado até a sauna do clube e, de acordo com o inquérito, assassinado com um tiro atrás da orelha direita. A bala atravessou o crânio de Cruz e saiu pela orelha esquerda.
Depois do assassinato, Silva e Sanches chamaram os outros dois policiais, que estavam trabalhando no patrulhamento da cidade, para ajudá-los a esconder o corpo.
Na mesma noite, o corpo foi colocado em um saco plástico e jogado no rio Piracicaba, que passa por Santa Bárbara.
O corpo de Cruz só foi encontrado três dias depois, em Artemis, distrito de Piracicaba (180 km de São Paulo), e levado para o IML (Instituto Médico Legal) da cidade, onde foi reconhecido por uma família de Campinas como sendo o de Cristiano da Silva, que estava desaparecido.
O corpo foi enterrado no Cemitério Nossa Senhora Conceição, em Campinas (a 99 km de São Paulo), como sendo o de Silva.
Na semana passada, foi feita a exumação do cadáver com autorização da Justiça, pois a Polícia Civil suspeitou de que o corpo poderia ser o de Cruz.
O perito da Eduardo Daruge confirmou na terça-feira passada que o corpo enterrado em Campinas é o de Cruz.
De acordo com o perito, o reconhecimento foi feito com base na comparação da arcada dentária e nas informações do dentista que atendia Cruz.
Uma nova exumação e o traslado do corpo para Santa Bárbara, onde mora a família da vítima, devem ser feitos nos próximo dias.
Os quatro policias envolvidos estão detidos no Presídio Romão Gomes, em São Paulo.


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