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ÔNIBUS
Prefeitura quer beneficiar viações que renovem frota e atraiam passageiros; medida limita poder de grandes grupos
Marta vai mudar remuneração de empresas
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo vai
mudar a forma de remuneração
das empresas de ônibus para evitar uma queda na qualidade do
transporte até 2002.
A alteração será feita ainda este
mês, com um aditivo no contrato
de prestação de serviços. O objetivo é beneficiar as que renovarem
a frota e atraírem mais passageiros ao sistema antes mesmo da licitação que vai selecionar novas
viações para operar na cidade a
partir do ano que vem.
Na prática, a medida quer limitar a atuação de quatro grandes
grupos (Niquini, Belarmino, Ruas
e Constantino), que controlam
mais de metade das 53 empresas
de ônibus de São Paulo e têm
pressionado a prefeita Marta Suplicy (PT) para conseguir subsídios e aumento da tarifa. Na visão
da administração petista, eles lideram uma política de não-investimento nesse setor.
Desde a gestão Celso Pitta
(PTN), cada viação recebe um
percentual predeterminado da arrecadação tarifária, independentemente da quantidade de passageiros transportados. Um empresário que renova a frota e consegue elevar a ocupação dos ônibus
acaba distribuindo esse lucro para
todas as 53 empresas.
Da mesma forma, se ele deixa
veículos velhos nas ruas e afasta
os passageiros, não arca sozinho
com esse prejuízo. "É um prêmio
à ineficiência", disse Carlos Zarattini, secretário dos Transportes.
"Se as grandes não investem, as
empresas independentes também
não vão gastar, não vão querer dividir os benefícios. Hoje, quem
dita as regras são as maiores",
afirmou um técnico do governo.
Acomodação
Com a mudança, a distribuição
da arrecadação vai levar em conta
a produtividade das viações.
"Quem se acomodar, leva a pior.
Quem investir, pode ganhar
mais", afirma Zarattini.
Marta decidiu endurecer com as
viações de ônibus na semana passada, quando motoristas e cobradores fizeram uma greve que prejudicou 1,6 milhão de passageiros,
no dia da visita do primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, à cidade. Os empresários foram multados em mais de R$ 1,2 milhão e
acusados pela prefeita de estarem
organizando um locaute (paralisação estimulada pelos patrões).
O diretor jurídico do Transurb
(sindicato das empresas), Antonio Sampaio Amaral Filho, disse
ontem que a mudança da forma
de remuneração ainda será discutida pelas viações. Segundo ele,
porém, a tendência é não haver
resistência. "Se for para incentivar
a produtividade, não há motivo
para não ser favorável", afirmou.
Zarattini afirmou ontem que vai
restringir a 30 dias a validade dos
vales-transporte. Atualmente,
eles podem ser usados mais de
dois meses após a compra. "Precisamos desmontar um mercado
paralelo. Eles estão sendo usados
para comprar cachorro-quente."
O secretário apresentou um balanço da sua pasta nos primeiros
cem dias da gestão Marta. Também foram anunciadas as metas
da administração.
No mês que vem, começarão os
testes de um projeto de bolsões de
estacionamento. A idéia é que as
pessoas deixem os carros em
áreas distantes da região central
(em frente ao estádio do Morumbi, por exemplo) e usem um serviço de fretamento feito por vans
com ar condicionado.
Zarattini divulgou a intenção de
aumentar de 4 para 24 a quantidade de corredores de ônibus na cidade até 2004.
Lotações
Anteontem à noite, 20 ônibus
foram destruídos (14 depredados
e seis queimados) na zona sul, em
ações atribuídas a perueiros.
A prefeita Marta Suplicy ligou
ontem para o governador Geraldo Alckmin para pedir empenho
da Polícia Militar na apuração dos
responsáveis pelos atentados.
Colaborou o "Agora"
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