São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2001

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ÔNIBUS

Prefeitura quer beneficiar viações que renovem frota e atraiam passageiros; medida limita poder de grandes grupos

Marta vai mudar remuneração de empresas

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo vai mudar a forma de remuneração das empresas de ônibus para evitar uma queda na qualidade do transporte até 2002.
A alteração será feita ainda este mês, com um aditivo no contrato de prestação de serviços. O objetivo é beneficiar as que renovarem a frota e atraírem mais passageiros ao sistema antes mesmo da licitação que vai selecionar novas viações para operar na cidade a partir do ano que vem.
Na prática, a medida quer limitar a atuação de quatro grandes grupos (Niquini, Belarmino, Ruas e Constantino), que controlam mais de metade das 53 empresas de ônibus de São Paulo e têm pressionado a prefeita Marta Suplicy (PT) para conseguir subsídios e aumento da tarifa. Na visão da administração petista, eles lideram uma política de não-investimento nesse setor.
Desde a gestão Celso Pitta (PTN), cada viação recebe um percentual predeterminado da arrecadação tarifária, independentemente da quantidade de passageiros transportados. Um empresário que renova a frota e consegue elevar a ocupação dos ônibus acaba distribuindo esse lucro para todas as 53 empresas.
Da mesma forma, se ele deixa veículos velhos nas ruas e afasta os passageiros, não arca sozinho com esse prejuízo. "É um prêmio à ineficiência", disse Carlos Zarattini, secretário dos Transportes.
"Se as grandes não investem, as empresas independentes também não vão gastar, não vão querer dividir os benefícios. Hoje, quem dita as regras são as maiores", afirmou um técnico do governo.

Acomodação
Com a mudança, a distribuição da arrecadação vai levar em conta a produtividade das viações. "Quem se acomodar, leva a pior. Quem investir, pode ganhar mais", afirma Zarattini.
Marta decidiu endurecer com as viações de ônibus na semana passada, quando motoristas e cobradores fizeram uma greve que prejudicou 1,6 milhão de passageiros, no dia da visita do primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, à cidade. Os empresários foram multados em mais de R$ 1,2 milhão e acusados pela prefeita de estarem organizando um locaute (paralisação estimulada pelos patrões).
O diretor jurídico do Transurb (sindicato das empresas), Antonio Sampaio Amaral Filho, disse ontem que a mudança da forma de remuneração ainda será discutida pelas viações. Segundo ele, porém, a tendência é não haver resistência. "Se for para incentivar a produtividade, não há motivo para não ser favorável", afirmou.
Zarattini afirmou ontem que vai restringir a 30 dias a validade dos vales-transporte. Atualmente, eles podem ser usados mais de dois meses após a compra. "Precisamos desmontar um mercado paralelo. Eles estão sendo usados para comprar cachorro-quente."
O secretário apresentou um balanço da sua pasta nos primeiros cem dias da gestão Marta. Também foram anunciadas as metas da administração.
No mês que vem, começarão os testes de um projeto de bolsões de estacionamento. A idéia é que as pessoas deixem os carros em áreas distantes da região central (em frente ao estádio do Morumbi, por exemplo) e usem um serviço de fretamento feito por vans com ar condicionado.
Zarattini divulgou a intenção de aumentar de 4 para 24 a quantidade de corredores de ônibus na cidade até 2004.

Lotações
Anteontem à noite, 20 ônibus foram destruídos (14 depredados e seis queimados) na zona sul, em ações atribuídas a perueiros.
A prefeita Marta Suplicy ligou ontem para o governador Geraldo Alckmin para pedir empenho da Polícia Militar na apuração dos responsáveis pelos atentados.


Colaborou o "Agora"


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