São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2005

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SAÚDE NA UTI

Pais reclamam do atendimento do Hospital São Luiz Gonzaga, na zona norte da capital

Duas crianças dividem maca em SP

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pais esperam atendimento no Pronto-Socorro Infantil do Hospital São Luiz Gonzaga (Jaçanã, zona norte de São Paulo), sentados em uma mureta, com os filhos doentes no colo. Eles estão insatisfeitos por aguardar, mas os pais que saem da consulta reclamam ainda mais.
"Meu filho foi atendido em uma sala em que outro médico examinava um paciente. Até a maca é usada ao mesmo tempo para as duas crianças", diz a dona-de-casa Ana Paula Souza, 29.
Ela ficou constrangida por ter que falar sobre os problemas do filho na frente de outra mãe e reclamou da fila de espera.
Em razão da demora, a bisneta da dona-de-casa Benedita Gomes da Cruz, de dois anos, foi medicada contra febre antes mesmo de ser examinada. "Simplesmente deram o remédio."
Já a filha de um ano do estampador Jairo Lima Santos, 19, foi colocada debaixo da água fria. "Ela ficou roxa. Não havia o remédio e esperamos das 18h30 até as 22h. Passou pela médica, fez um raio-X, mas vamos embora sem saber o que ela tem."
Depois de esperar duas horas e meia pelo atendimento do filho de seis meses com suspeita de pneumonia, Thaíza Neves Ceo, 27, ficou assustada ao ver que o papel que cobre a maca não era trocado, mesmo sendo usado por dois pacientes. "A médica disse que não havia problema em usar o mesmo papel porque apenas crianças sentavam ali."

Outro lado
A assessoria de imprensa do hospital, que é ligado à Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, afirmou que o pronto-socorro tem uma demanda muito grande e, para não deixar nenhuma criança sem atendimento, "às vezes" ocorrem fatos como os mencionados pelos pais. Segundo o hospital, que atende pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a média de pacientes é de 330 crianças por dia.
"Lutamos com bastante dificuldade para manter o atendimento, uma vez que a falta de rede básica de saúde faz com que mais pessoas procurem o São Luiz Gonzaga", diz nota enviada pelo hospital. A Folha procurou a Secretaria Municipal da Saúde para comentar a crítica, mas não obteve resposta ontem.


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