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SAÚDE NA UTI
Pais reclamam do atendimento do Hospital São Luiz Gonzaga, na zona norte da capital
Duas crianças dividem maca em SP
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pais esperam atendimento no
Pronto-Socorro Infantil do Hospital São Luiz Gonzaga (Jaçanã,
zona norte de São Paulo), sentados em uma mureta, com os filhos doentes no colo. Eles estão
insatisfeitos por aguardar, mas
os pais que saem da consulta reclamam ainda mais.
"Meu filho foi atendido em
uma sala em que outro médico
examinava um paciente. Até a
maca é usada ao mesmo tempo
para as duas crianças", diz a dona-de-casa Ana Paula Souza, 29.
Ela ficou constrangida por ter
que falar sobre os problemas do
filho na frente de outra mãe e reclamou da fila de espera.
Em razão da demora, a bisneta
da dona-de-casa Benedita Gomes da Cruz, de dois anos, foi
medicada contra febre antes
mesmo de ser examinada. "Simplesmente deram o remédio."
Já a filha de um ano do estampador Jairo Lima Santos, 19, foi
colocada debaixo da água fria.
"Ela ficou roxa. Não havia o remédio e esperamos das 18h30
até as 22h. Passou pela médica,
fez um raio-X, mas vamos embora sem saber o que ela tem."
Depois de esperar duas horas e
meia pelo atendimento do filho
de seis meses com suspeita de
pneumonia, Thaíza Neves Ceo,
27, ficou assustada ao ver que o
papel que cobre a maca não era
trocado, mesmo sendo usado
por dois pacientes. "A médica
disse que não havia problema
em usar o mesmo papel porque
apenas crianças sentavam ali."
Outro lado
A assessoria de imprensa do
hospital, que é ligado à Irmandade Santa Casa de Misericórdia de
São Paulo, afirmou que o pronto-socorro tem uma demanda
muito grande e, para não deixar
nenhuma criança sem atendimento, "às vezes" ocorrem fatos
como os mencionados pelos
pais. Segundo o hospital, que
atende pelo SUS (Sistema Único
de Saúde), a média de pacientes
é de 330 crianças por dia.
"Lutamos com bastante dificuldade para manter o atendimento, uma vez que a falta de rede básica de saúde faz com que
mais pessoas procurem o São
Luiz Gonzaga", diz nota enviada
pelo hospital. A Folha procurou
a Secretaria Municipal da Saúde
para comentar a crítica, mas não
obteve resposta ontem.
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