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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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Educação para a dor é tema de simpósio

DA REPORTAGEM LOCAL

Para alguns, a dor é uma sensação subjetiva. Para outros, é questão de poder: crianças, fracos sentem dor. Num contexto mais cruel, dor é quase um luxo, pobre não tem direito de se queixar dela.
Sandra Serrano, do Hospital do Câncer, diz que os idosos gastam sua aposentadoria com medicação para o coração e deixam as dores em segundo plano. "Sabem que, sem o remédio para o coração, eles podem morrer. As dores eles conseguem suportar."
Assim também pensam os médicos que tratam apenas a doença, não se importam com o que está sentindo o paciente. Esse conceito -ou preconceito- só será mudado com a educação de profissionais, pacientes e familiares.
Essa foi uma das preocupações que apareceram no sexto Simbidor, Simpósio Brasileiro e Internacional sobre Dor, que terminou anteontem em São Paulo.
"A dor ainda não faz parte da grade curricular de médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e mesmo do assistente social", diz Cláudio Fernandes Corrêa, presidente do Simbidor e diretor da Clínica de Dor do Hospital 9 de Julho. Isso preocupa o Programa de Educação em Dor da Associação Médica Brasileira e da ONG Aliviador, que tem o apoio do Ministério da Saúde. Em 2002, a "caravana Aliviador" esteve em mais de 20 cidades.
No que compete aos Estados, a Secretaria da Saúde de São Paulo está agora fazendo suas primeiras reuniões para definir os 39 centros de dor que terá. "Nossa proposta é passar essa experiência a outros Estados e chegar às cidades paulistas por meio do conselho que reúne os secretários municipais de saúde", diz João Figueiró, da Liga de Dor do Hospital das Clínicas e assessor dos grupos de dor da cidade de São Paulo, do Estado e do ministério.
O Ministério da Saúde está reduzindo as exigências que fazia a médicos e farmácias quando receitam ou vendem drogas opiáceas, o que facilitará o acesso a elas. E as instituições que trabalham com dor incentivam pacientes e familiares a se organizar pelos seus direitos.
Especialistas dizem, baseados em dados norte-americanos, que o custo da dor no Brasil gira em torno de US$ 150 bilhões anuais. Cerca de 25% dos dias de trabalho seriam perdidos por causa da dor, que também responderia por 80% das idas a consultórios. (AB)



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