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Educação para a dor é tema de simpósio
DA REPORTAGEM LOCAL
Para alguns, a dor é uma sensação subjetiva. Para outros, é questão de poder: crianças, fracos sentem dor. Num contexto mais
cruel, dor é quase um luxo, pobre
não tem direito de se queixar dela.
Sandra Serrano, do Hospital do
Câncer, diz que os idosos gastam
sua aposentadoria com medicação para o coração e deixam as
dores em segundo plano. "Sabem
que, sem o remédio para o coração, eles podem morrer. As dores
eles conseguem suportar."
Assim também pensam os médicos que tratam apenas a doença,
não se importam com o que está
sentindo o paciente. Esse conceito
-ou preconceito- só será mudado com a educação de profissionais, pacientes e familiares.
Essa foi uma das preocupações
que apareceram no sexto Simbidor, Simpósio Brasileiro e Internacional sobre Dor, que terminou
anteontem em São Paulo.
"A dor ainda não faz parte da
grade curricular de médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e mesmo do assistente social", diz Cláudio Fernandes Corrêa, presidente do Simbidor e diretor da Clínica de Dor do Hospital 9 de Julho. Isso preocupa o
Programa de Educação em Dor
da Associação Médica Brasileira e
da ONG Aliviador, que tem o
apoio do Ministério da Saúde. Em
2002, a "caravana Aliviador" esteve em mais de 20 cidades.
No que compete aos Estados, a
Secretaria da Saúde de São Paulo
está agora fazendo suas primeiras
reuniões para definir os 39 centros de dor que terá. "Nossa proposta é passar essa experiência a
outros Estados e chegar às cidades
paulistas por meio do conselho
que reúne os secretários municipais de saúde", diz João Figueiró,
da Liga de Dor do Hospital das
Clínicas e assessor dos grupos de
dor da cidade de São Paulo, do Estado e do ministério.
O Ministério da Saúde está reduzindo as exigências que fazia a
médicos e farmácias quando receitam ou vendem drogas opiáceas, o que facilitará o acesso a
elas. E as instituições que trabalham com dor incentivam pacientes e familiares a se organizar pelos seus direitos.
Especialistas dizem, baseados
em dados norte-americanos, que
o custo da dor no Brasil gira em
torno de US$ 150 bilhões anuais.
Cerca de 25% dos dias de trabalho
seriam perdidos por causa da dor,
que também responderia por
80% das idas a consultórios.
(AB)
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