São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2004

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SAÚDE

Análise detecta coliformes fecais acima do limite em 9 de 25 amostras de alimentos colhidas em São Paulo e no ABC

Verdura pronta para o consumo é reprovada

DA REPORTAGEM LOCAL

Vale a pena pagar quatro vezes mais por um pacote de agrião higienizado, levando-se em conta a praticidade de ter em casa um alimento pronto para o consumo e a garantia de ele já estar livre de bactérias e impurezas, certo? Errado, diz o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
Pesquisa feita pela entidade, em março, encontrou coliformes fecais acima do padrão fixado pelo Ministério da Saúde em 9 das 25 amostras de verduras e legumes higienizados das marcas mais freqüentes em 11 estabelecimentos de São Paulo e do ABC Paulista, incluindo o mercado municipal de São Bernardo e uma feira livre.
Coliforme fecal é a designação genérica de bactérias que vivem nos intestinos dos animais e são expelidas pelas fezes. A mais perigosa delas é a Escherichia colli, que pode causar infecção intestinal e diarréia graves. A legislação determina um limite de 100 coliformes por grama do alimento. Acima disso, não é garantida a segurança à saúde.
Os exames das amostras recolhidas pelo Idec (sete de agrião, nove de alface e nove de cenoura), realizados pelo laboratório Adolfo Lutz, constataram concentrações de coliformes que variaram de 200 a 750 unidades por grama.
O índice de desconformidade com o padrão, de 36%, foi considerado inaceitável pela entidade. Segundo seu coordenador-executivo, Sezifredo Paz, geralmente, nas análises que o Idec costuma fazer, o índice fica em 20%. Nos países desenvolvidos, se chega a 10%, já é motivo para alarde.
"Não compensa pagar tão mais caro por esses produtos [higienizados] porque não há 100% de garantia de que são seguros -o que é seu principal diferencial", conclui Murilo Diversi, especialista em alimentos do Idec. A entidade recomenda a quem, ainda assim, optar pela compra dos higienizados, fazer uma nova limpeza dos alimentos antes de consumi-los.
Na avaliação do Idec, a presença dos coliformes acima do padrão em alguns alimentos não se deve a um problema da empresa que os fabrica (algumas tiveram certos produtos aprovados e outros não), nem da linha de produção, mas de falhas em certos momentos do processo de higienização.
"Os fabricantes carecem de profissionalização e de sistemas de qualidade. E a fiscalização [que cabe ao Ministério da Agricultura] é falha", afirma Diversi.
O Idec apontou ainda falhas na rotulagem de todos os 25 alimentos analisados, entre elas endereço do fabricante incompleto, ausência do número do lote do produto e do registro do fabricante. Tais informações são importante para rastrear responsáveis em caso de problemas de saúde provocados pelos alimentos.


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