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LEGISLATIVO
Por 40 votos a 13, vereadores aprovaram projeto que aumenta de 5% para 11% a contribuição dos servidores
Câmara aprova a reforma da previdência
SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL
A Câmara Municipal de São
Paulo aprovou ontem por 40 votos a 13, em segunda votação, o
projeto que altera as regras da
previdência dos servidores municipais. O projeto era o principal
interesse do prefeito José Serra, já
que aumenta a arrecadação em
R$ 163 milhões ao ano.
"Foi uma vitória e esperamos
que essa maioria se reproduza em
outras votações", afirmou José
Aníbal (PSDB), líder do governo
na Casa. Dos 55 vereadores, apenas o presidente da Câmara, Ricardo Trípoli (ex-PSDB), e Átila
Russomano (PP) não votaram.
A partir de setembro, os servidores da ativa passam a contribuir com 11%, em vez de 5%. Os
aposentados e pensionistas com
salários superiores a R$ 2.508,72
também passam a contribuir com
11% sobre o que exceder esse teto.
O valor gasto com aposentadorias e pensões no município alcança R$ 1,7 bilhões por ano. Os
servidores contribuem hoje com
cerca de R$ 205 milhões anualmente. Isso faz com que o déficit
seja de cerca de R$ 1,5 bilhão.
"Com a mudança, o déficit da
previdência vai para R$ 1,350 bilhão por ano. Continua um sistema desequilibrado, mas outros
procedimentos poderão levar a
um equilíbrio", afirmou Aníbal.
O líder do PT na Câmara, vereador João Antonio, discorda de
Aníbal: "Enfiaram goela abaixo
esse projeto que não resolve o
problema. Daqui a seis meses tudo vai ter que ser discutido novamente", disse.
Com a reforma, a prefeitura
adapta sua legislação às regras da
União e do Estado. Se as mudanças não fossem feitas até outubro,
o município poderia enfrentar
bloqueio de repasses federais e financiamentos.
A votação indica que o prefeito
José Serra conseguiu consolidar
maioria na casa. O chamado Centrão, bloco formado pelos partidos PP, PMDB, PTB e PDT, depois de muitas negociações aliou-se ao governo.
Protestos
Apesar de pouca mobilização,
os professores municipais, que
eram a única categoria de servidores em peso na Câmara, espalharam faixas de protesto. O presidente do sindicato dos professores, o ex-vereador Cláudio Fonseca, insistiu durante todo o tempo
para que o projeto fosse retirado
da pauta. "Esse projeto tem caráter arrecadatório", avaliou.
A professora de história
M.L.A.G. (que não quis se identificar por temer represálias), 49,
afirmou que deve ter o salário diminuído em cerca de R$ 200 com
a nova contribuição aprovada.
"Com isso, fica mais difícil de
comprar os remédios. E eu tive
um derrame por aneurisma cerebral há pouco tempo, o que exige
cuidado médico", contou.
A servidora S.R.C., 44, também
conta que vai ter que apertar o orçamento. "O novo desconto equivale a um tanque de gasolina por
mês ou ao meu condomínio inteiro. Levamos tanto tempo para
conseguir evoluir na carreira e depois tiram isso da gente de uma
vez", lamentou.
Votação
Três projetos substitutivos ao
original foram colocados em discussão ontem: um do PT, outro
do vereador Átila Russomano e
outro do líder do governo.
Sob os gritos de protesto dos
servidores, o substitutivo encaminhado pelo líder do governo foi
aprovado com ampla maioria.
Foram sugeridas emendas, mas
elas também foram rejeitadas.
As principais novidades do
substitutivo são uma correção
que garante ao servidor afastado o
direito de continuar no sistema de
previdência, desde que continue
contribuindo; e a criação de dois
conselhos.
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