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Grupos de extermínio se unem para formar milícia em SP
Suspeita é que PMs de zonas norte e leste se aliaram para explorar tráfico e evitar investigações
Criação de milícia é investigada pelos setores de inteligência da Promotoria e das polícias Civil e Militar
ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Investigações dos setores
de inteligência do Ministério
Público Estadual e das polícias Civil e Militar identificaram que policiais militares
suspeitos de integrar grupos
de extermínio nas zonas norte e leste se uniram para formar uma espécie de milícia.
Os objetivos desses PMs,
segundo a cúpula da segurança pública, são: torná-los
um grupo mais forte para assumir o controle do tráfico de
drogas e intimidar policiais
civis para evitar prisões.
O grupo envolve policiais
de ao menos quatro batalhões na capital e tem cerca
de 50 integrantes.
Documentos obtidos pela
Folha revelam que parte do
plano já está em execução.
Há ainda escutas telefônicas
apontando a ligação entre os
dois grupos.
Dois delegados e um investigador do DHPP (departamento de homicídios), responsáveis por investigar
mortes na zona norte e chacinas, foram ameaçados por
homens que a Polícia Civil
acredita serem PMs.
A suspeita é que as ameaças partiram de policiais militares da zona leste ligados
ao soldado Valdez Gonçalves
dos Santos, 36, preso em
maio sob suspeita de comandar um grupo de extermínio
na área do 21º Batalhão.
O plano executado por
PMs de outra região afastaria
a suspeita contra os principais investigados. As ameaças ocorreram nas casas dos
policiais civis -endereço é
informação restrita a membros das forças de segurança.
Em dois dos casos, os policiais receberam telefonemas
intimidadores; em outro, três
homens, de capacete e roupas escuras, foram ao prédio
de um policial e simularam
que iriam sacar suas armas.
TROCAS
A aliança entre os grupos
de extermínio é apontada como um dos motivos para a
troca do comando da Corregedoria da PM e, também, do
comando da corporação na
região norte no mês passado.
Foram trocados dez comandantes, fora o da Corregedoria, para tentar conter
esse foco antes que ele tome
proporções ainda maiores.
Em 2008, o coronel José
Hermínio Rodrigues, comandante da PM na zona norte,
foi morto a tiros. Para o
DHPP, o autor do crime é o
soldado Pascoal dos Santos
Lima, preso ontem acusado
de matar o dono de duas farmácias. As polícias acreditam que ele não agia sozinho.
O controle do tráfico de
drogas, a exploração do jogo
do bicho e de caça-níqueis
estão entre as principais fontes de renda desses PMs.
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