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ADMINISTRAÇÃO
Escritura mostra que área que seria beneficiada por mudança em lei era de amigo do prefeito paulistano
Pitta diz que não favoreceu empresário
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma escritura registrada em
cartório garantindo ao empresário Jorge Yunes a posse de uma
área que pode ser beneficiada por
um alteração na Lei de Zoneamento proposta pela administração paulistana não é prova suficiente de que ele seria favorecido.
O argumento foi apresentado
ontem pela assessoria de imprensa do prefeito de São Paulo para
negar a comprovação de favorecimento a Yunes revelada anteontem pela Folha.
O documento em questão é
uma "escritura de direitos possessórios" registrada no 9º Tabelião
de Notas de São Paulo em setembro de 98 (veja quadro ao lado).
Para o Ministério Público, a escritura é uma prova de favorecimento direto a Yunes e será usada
em uma ação civil pública de improbidade administrativa proposta contra Pitta.
A transação feita pelo empresário ocorreu três meses antes de
Pitta encaminhar à Câmara o projeto que beneficiava a área. Com a
mudança, o terreno poderia passar a abrigar shoppings, supermercados e editoras de livros.
Sem a alteração, o terreno pode
ter apenas depósitos ou garagens
de transportadoras.
Segundo o documento, Yunes
comprou por R$ 3 milhões duas
glebas de um terreno que pertencia à transportadora Dom Vital e
seria beneficiado pela mudança
proposta por Pitta. Apesar da escritura, a área não foi registrada
em nome de Yunes, amigo que
emprestou R$ 800 mil a Pitta.
Os empréstimos começaram
cerca de um ano antes de ele adquirir a posse da área e pedir a Pitta a mudança na Lei de Zoneamento -divisão urbana que determina as atividades permitidas
em cada área da cidade.
Até então, o empresário dizia
que pediu a mudança por interesse "humanitário".
A explicação de Pitta, dada dois
dias depois de ter sido procurado
pela primeira vez pela reportagem, foi transmitida por telefone
à Folha pelo seu secretário de Comunicação, Antenor Braido.
Pela explicação, Pitta propôs a
mudança, ainda não aprovada
pela Câmara, pensando em beneficiar uma área da Dom Vital.
Braido disse que a explicação
partiu dos advogados do prefeito,
Mário Sérgio Duarte Garcia e Antônio Cláudio Mariz de Oliveira.
Os dois não responderam aos recados deixados pela reportagem
desde anteontem em seus escritórios para falar sobre o assunto.
Mesmo comportamento adotou o empresário Yunes. Desde o
último domingo, a Folha deixa
recados em seus telefones em Paris, na França, onde ele está em férias com a família.
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