São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ADMINISTRAÇÃO
Escritura mostra que área que seria beneficiada por mudança em lei era de amigo do prefeito paulistano
Pitta diz que não favoreceu empresário

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma escritura registrada em cartório garantindo ao empresário Jorge Yunes a posse de uma área que pode ser beneficiada por um alteração na Lei de Zoneamento proposta pela administração paulistana não é prova suficiente de que ele seria favorecido.
O argumento foi apresentado ontem pela assessoria de imprensa do prefeito de São Paulo para negar a comprovação de favorecimento a Yunes revelada anteontem pela Folha.
O documento em questão é uma "escritura de direitos possessórios" registrada no 9º Tabelião de Notas de São Paulo em setembro de 98 (veja quadro ao lado).
Para o Ministério Público, a escritura é uma prova de favorecimento direto a Yunes e será usada em uma ação civil pública de improbidade administrativa proposta contra Pitta.
A transação feita pelo empresário ocorreu três meses antes de Pitta encaminhar à Câmara o projeto que beneficiava a área. Com a mudança, o terreno poderia passar a abrigar shoppings, supermercados e editoras de livros.
Sem a alteração, o terreno pode ter apenas depósitos ou garagens de transportadoras.
Segundo o documento, Yunes comprou por R$ 3 milhões duas glebas de um terreno que pertencia à transportadora Dom Vital e seria beneficiado pela mudança proposta por Pitta. Apesar da escritura, a área não foi registrada em nome de Yunes, amigo que emprestou R$ 800 mil a Pitta.
Os empréstimos começaram cerca de um ano antes de ele adquirir a posse da área e pedir a Pitta a mudança na Lei de Zoneamento -divisão urbana que determina as atividades permitidas em cada área da cidade.
Até então, o empresário dizia que pediu a mudança por interesse "humanitário".
A explicação de Pitta, dada dois dias depois de ter sido procurado pela primeira vez pela reportagem, foi transmitida por telefone à Folha pelo seu secretário de Comunicação, Antenor Braido.
Pela explicação, Pitta propôs a mudança, ainda não aprovada pela Câmara, pensando em beneficiar uma área da Dom Vital.
Braido disse que a explicação partiu dos advogados do prefeito, Mário Sérgio Duarte Garcia e Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. Os dois não responderam aos recados deixados pela reportagem desde anteontem em seus escritórios para falar sobre o assunto.
Mesmo comportamento adotou o empresário Yunes. Desde o último domingo, a Folha deixa recados em seus telefones em Paris, na França, onde ele está em férias com a família.


Texto Anterior: Oposicionistas vêem falhas
Próximo Texto: Comissão transfere dívida de R$ 1,4 bi
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.