São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 2002

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SEM-TETO

Pessoas estavam em albergues

Prefeitura identifica 30 "exportados" pelo Rio

DA REPORTAGEM LOCAL

A secretária da Assistência Social da cidade de São Paulo, Aldaíza Sposati, disse ontem que 30 pessoas foram localizadas nesta semana em albergues da cidade e identificadas como vindas do Rio de Janeiro.
"Se essas pessoas vieram do Rio de Janeiro e estão nos albergues [paulistanos], é porque elas não são de São Paulo e não têm família em São Paulo", disse a secretária.
A declaração aumenta a polêmica sobre o programa De Volta À Terra Natal, da Prefeitura do Rio, que financia as passagens de ônibus aos moradores de rua que quiserem retornar às suas cidades de origem.
Das 800 pessoas atendidas pelo programa carioca neste ano, 250 realmente voltaram à cidade natal. Mas cerca de 70% delas foram encaminhadas a São Paulo, alegando serem paulistanas.
"Isso é "empurroterapia" urbana", afirmou Aldaíza.
O coordenador do programa de atendimento à população de rua da cidade do Rio de Janeiro, Carlos Eduardo Luz, considerou desnecessária a crítica que a secretária fez à prática carioca.
"É um trabalho social e não tem nada a ver com exportação de moradores de rua. Se não fosse a notícia nos jornais, ela [Aldaíza" não teria percebido a chegada dessas pessoas à cidade", declarou o coordenador.
A secretária disse que levantamento realizado em 2002 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontou que, dos 8.200 moradores de rua de São Paulo, 3.968 (48,4%) nasceram no Sudeste. Dessas 3.968 pessoas, apenas 1.385 (34,9%) são paulistas. "Perversamente, estamos no olho do furacão da crise econômica e não temos solução mágica de trabalho", disse.
Aldaíza afirmou que não tomará nenhuma medida jurídica contra a iniciativa do governo do Rio, mas que irá encaminhar no início da próxima semana ofício ao Conselho Nacional de Assistência Social. "Queremos que o governo federal se responsabilize por partilhar os custos", disse.
A Prefeitura de São Paulo pagou neste ano passagens para que 112 pessoas voltassem às suas cidades de origem. A secretária diz, no entanto, que elas eram pessoas que vieram à cidade fazer tratamentos de saúde e não tinham dinheiro para voltar, ou tiveram de sair da cidade por questão de segurança.


Colaborou o "AGORA"


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