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SISTEMA PRISIONAL
Motim no presídio Hélio Gomes foi controlado na manhã de ontem após invasão; 16 pessoas ficaram feridas
Rebelião no Rio termina com um morto
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um preso morreu e 16 pessoas
ficaram feridas -entre elas dois
agentes penitenciários- durante
uma rebelião no presídio Hélio
Gomes (complexo penitenciário
Frei Caneca), no Estácio (zona
norte do Rio). Dois helicópteros
da polícia sobrevoaram o presídio
e trocaram tiros com presos que
ameaçavam matar cinco reféns.
Apenas uma pistola foi encontrada com os presos.
O motim começou por volta das
18h de sábado, quando um preso
identificado como Carlão, armado com uma pistola, rendeu seis
agentes penitenciários que distribuíam o jantar. Um dos agentes,
Celso Rodrigues, 56, escapou e
acionou a polícia.
Cerca de 20 presos tentaram fugir, mas a PM já havia cercado a
unidade. Eles se rebelaram com a
ajuda de pelo menos outros 80 detentos. Segundo o subsecretário
de Administração Penitenciária,
Aldney Peixoto, não houve negociação com os presos.
Às 5h, o Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PM ocupou o
morro de São Carlos, vizinho à
penitenciária.
Quando amanheceu, parte dos
presos foi para o telhado, de onde
ameaçava matar os reféns. O
agente Joel Bastos dos Santos foi
esfaqueado nas costas. Ele sofreu
uma perfuração no pulmão e está
internado no Hospital Central da
Polícia Militar, que fica a cerca de
200 metros do complexo.
Às 6h40, a Secretaria de Administração Penitenciária decidiu
invadir o presídio, o que aconteceu por volta das 7h30.
Dezesseis agentes penitenciários do Grupamento de Intervenção Tática armados com escopetas com balas de borracha, gás de
pimenta e gás lacrimogêneo entraram no prédio. Ao mesmo
tempo, dez policiais em dois helicópteros, um da PM e um da Polícia Civil, trocaram tiros com os
presos que estavam no telhado.
No tiroteio, o preso Ubiratan
Francisco do Couto, 24, foi morto,
e o agente João Demerval se jogou
ou foi atirado do telhado, sofrendo traumatismo craniano. Seu estado de saúde é estável, segundo o
Hospital Central da PM.
A rebelião foi controlada. Os
outros três reféns, Leonardo Marques, Carlos Menezes e Ivan Carlos Braz foram libertados sem ferimentos. Segundo a polícia, 14
presos ficaram feridos. Cinco estão em estado grave -dois à bala
e três queimados- e foram
transferidos para o Hospital Municipal Souza Aguiar.
Aldney Peixoto disse que dois
motivos levaram o governo a decidir pela invasão do presídio Hélio Gomes: receio de que houvesse
uma matança entre os detentos
-a exemplo da ocorrida no final
de maio, na Casa de Custódia de
Benfica, com a morte de 31 pessoas- e a ameaça dos presos de
jogar os reféns do telhado. "A invasão foi em legítima defesa dos
reféns", disse o subsecretário.
O presídio Hélio Gomes tem
1.100 presos. Segundo a secretaria,
é um presídio "neutro", pois os
presos não pertencem a facções
criminosas, como acontece em
Benfica e no complexo de Bangu,
o que diminuiria a possibilidade
de matança entre presos.
O deputado estadual Geraldo
Moreira (PSB), presidente da Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia Legislativa do Rio,
que visitou ontem o presídio, lamentou a invasão. "Acho lastimável. Sou daqueles que acreditam
que a vida humana deve sempre
ser preservada. Eles deveriam negociar à exaustão antes de tomar
uma atitude dessas", disse.
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