|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ônibus se parte, mata 1 e fere 50 pessoas
Acidente aconteceu de manhã na zona sul de São Paulo, quando o veículo biarticulado levava mais de cem passageiros
A carcaça ficou em três pedaços após o motorista perder o controle, romper o muro da alça de acesso e cair na rua três metros abaixo
LUÍSA BRITO
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma mulher morreu e pelo
menos 50 pessoas ficaram feridas ontem pela manhã num
acidente com um ônibus biarticulado da viação Campo Belo,
no Jardim Petrópolis (zona sul
de São Paulo). O ônibus perdeu
o controle numa alça de acesso
à avenida Vereador José Diniz,
partiu-se em três e atingiu o
muro de uma casa.
O acidente transformou a pacata rua da Prata, que fica ao lado da alça. Passageiros foram
arremessados para fora do ônibus, feridos ficaram estirados
no chão à espera de socorro e
estilhaços de vidros espalharam-se para todos os lados. As
marcas de sangue no chão indicavam a gravidade do acidente,
cujo barulho foi associado ao de
uma explosão.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) suspeita que
o ônibus trafegava em velocidade incompatível com a curva,
fechada. Há a possibilidade de
que uma falha no dispositivo de
controle de velocidade tenha
provocado o acidente.
O motorista do ônibus, Adilson da Silva Castro, 37, disse
que no momento do acidente o
veículo ficou sem controle e ele
não teve como frear.
"Foi repentino, procurei parar e não consegui. Acho que
deu uma pane. O computador
[de bordo] vai mostrar qual foi
o problema", acrescentou. Castro afirmou que não estava em
alta velocidade. A Secretaria
Municipal dos Transportes disse que um relatório preliminar
será apresentado até sexta.
O acidente ocorreu às 8h05.
O ônibus, da linha 6455 (Terminal Capelinha-Largo São
Francisco), saiu da av. Vicente
Rao quando rompeu o muro da
alça de acesso e caiu na rua da
Prata, três metros abaixo.
A frente do veículo atingiu o
muro de uma casa, a parte central capotou e a traseira ficou
sobre a alça. O trecho ficou interrompido pela CET.
"O barulho parecia o de uma
bomba", disse a aposentada
Vilma Cardia, 72, dona da casa
atingida pelo ônibus. Ela dormia no momento do acidente e
acordou com o estrondo. Houve gritaria e pedidos de socorro.
A dona-de-casa Silvia Maria
Bandeira Rosa, 55, cedeu a casa
para passageiros assustados
avisarem a família. "A frente da
minha casa ficou cheia de gente
ferida no chão. Parecia guerra."
A Polícia Civil fez perícia no
local e foi instaurado inquérito
para apurar as causas do acidente. Será investigada a velocidade do veículo do começo da
curva até o final. Caso se conclua que houve falha do condutor, ele será indiciado por homicídio culposo (sem intenção), lesão corporal e dano.
Segundo o SP Urbanuss (sindicato das empresas de ônibus), a velocidade máxima do
veículo é 60 km/h, controlada
pelo computador de bordo. O
sindicato disse que a viação investigará as causas do acidente.
Um dos mais modernos da
frota paulistana, o veículo, feito
em 2004, passou a circular no
local desde março deste ano.
Tem computador de bordo,
freios ABS e piloto automático.
Vítimas
As vítimas foram levadas para hospitais públicos e privados
da região de Santo Amaro. Uma
delas morreu -a estagiária de
contabilidade Anni Chelle
Marcial da Silva Melo, 26, com
traumatismo craniano. Até o
fechamento desta edição, só
um dos passageiros permanecia internado, em observação.
A empregada doméstica Elisa Paraíso, 38, disse que pensou
que o veículo fosse pegar fogo.
"Abriu um buraco no piso, subiu um ar quente e começou a
sair fumaça. Pensei que ia morrer. As pessoas saíram pisando
nos que estavam no chão."
Segundo ela, que estava sentada na parte da frente, o motorista não estava em alta velocidade. "Acho que ele se distraiu.
Quando lembrou de entrar [na
alça], já fez a curva fechada."
Segundo a SP Urbanuss, havia 110 pessoas no ônibus. A SP
Trans fala em 150. O cobrador
Alexandre Angelino disse que
eram cerca de 200. O veículo
comporta 190 passageiros.
"Estava muito cheio, tanto
que no terminal João Dias os
fiscais pediram para alguns
passageiros descerem", diz a
operadora de telemarketing
Sonia Maria Damasceno, 27,
que quebrou a perna e o fêmur
no acidente. A SPTrans não
confirmou a informação.
Possibilidades
Para Roberto Scaringella,
presidente da CET, a combinação de alta velocidade e curva
fechada foi determinante para
o acidente.
Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Marido foi a 6 hospitais atrás da mulher Índice
|