São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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Ônibus se parte, mata 1 e fere 50 pessoas

Acidente aconteceu de manhã na zona sul de São Paulo, quando o veículo biarticulado levava mais de cem passageiros

A carcaça ficou em três pedaços após o motorista perder o controle, romper o muro da alça de acesso e cair na rua três metros abaixo


LUÍSA BRITO
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma mulher morreu e pelo menos 50 pessoas ficaram feridas ontem pela manhã num acidente com um ônibus biarticulado da viação Campo Belo, no Jardim Petrópolis (zona sul de São Paulo). O ônibus perdeu o controle numa alça de acesso à avenida Vereador José Diniz, partiu-se em três e atingiu o muro de uma casa.
O acidente transformou a pacata rua da Prata, que fica ao lado da alça. Passageiros foram arremessados para fora do ônibus, feridos ficaram estirados no chão à espera de socorro e estilhaços de vidros espalharam-se para todos os lados. As marcas de sangue no chão indicavam a gravidade do acidente, cujo barulho foi associado ao de uma explosão.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) suspeita que o ônibus trafegava em velocidade incompatível com a curva, fechada. Há a possibilidade de que uma falha no dispositivo de controle de velocidade tenha provocado o acidente.
O motorista do ônibus, Adilson da Silva Castro, 37, disse que no momento do acidente o veículo ficou sem controle e ele não teve como frear.
"Foi repentino, procurei parar e não consegui. Acho que deu uma pane. O computador [de bordo] vai mostrar qual foi o problema", acrescentou. Castro afirmou que não estava em alta velocidade. A Secretaria Municipal dos Transportes disse que um relatório preliminar será apresentado até sexta.
O acidente ocorreu às 8h05. O ônibus, da linha 6455 (Terminal Capelinha-Largo São Francisco), saiu da av. Vicente Rao quando rompeu o muro da alça de acesso e caiu na rua da Prata, três metros abaixo.
A frente do veículo atingiu o muro de uma casa, a parte central capotou e a traseira ficou sobre a alça. O trecho ficou interrompido pela CET.
"O barulho parecia o de uma bomba", disse a aposentada Vilma Cardia, 72, dona da casa atingida pelo ônibus. Ela dormia no momento do acidente e acordou com o estrondo. Houve gritaria e pedidos de socorro.
A dona-de-casa Silvia Maria Bandeira Rosa, 55, cedeu a casa para passageiros assustados avisarem a família. "A frente da minha casa ficou cheia de gente ferida no chão. Parecia guerra."
A Polícia Civil fez perícia no local e foi instaurado inquérito para apurar as causas do acidente. Será investigada a velocidade do veículo do começo da curva até o final. Caso se conclua que houve falha do condutor, ele será indiciado por homicídio culposo (sem intenção), lesão corporal e dano.
Segundo o SP Urbanuss (sindicato das empresas de ônibus), a velocidade máxima do veículo é 60 km/h, controlada pelo computador de bordo. O sindicato disse que a viação investigará as causas do acidente.
Um dos mais modernos da frota paulistana, o veículo, feito em 2004, passou a circular no local desde março deste ano. Tem computador de bordo, freios ABS e piloto automático.

Vítimas
As vítimas foram levadas para hospitais públicos e privados da região de Santo Amaro. Uma delas morreu -a estagiária de contabilidade Anni Chelle Marcial da Silva Melo, 26, com traumatismo craniano. Até o fechamento desta edição, só um dos passageiros permanecia internado, em observação.
A empregada doméstica Elisa Paraíso, 38, disse que pensou que o veículo fosse pegar fogo. "Abriu um buraco no piso, subiu um ar quente e começou a sair fumaça. Pensei que ia morrer. As pessoas saíram pisando nos que estavam no chão."
Segundo ela, que estava sentada na parte da frente, o motorista não estava em alta velocidade. "Acho que ele se distraiu. Quando lembrou de entrar [na alça], já fez a curva fechada."
Segundo a SP Urbanuss, havia 110 pessoas no ônibus. A SP Trans fala em 150. O cobrador Alexandre Angelino disse que eram cerca de 200. O veículo comporta 190 passageiros.
"Estava muito cheio, tanto que no terminal João Dias os fiscais pediram para alguns passageiros descerem", diz a operadora de telemarketing Sonia Maria Damasceno, 27, que quebrou a perna e o fêmur no acidente. A SPTrans não confirmou a informação.

Possibilidades
Para Roberto Scaringella, presidente da CET, a combinação de alta velocidade e curva fechada foi determinante para o acidente.


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