São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Kassab vai proibir estacionamento no centro

Medida deve começar pelas ruas do entorno da Sé, mas será estendida às vias principais do centro expandido, onde vigora o rodízio

Idéia do prefeito é criar bolsões de proibição, para testar impacto, e viabilizar a construção de garagens privadas na região

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) vai proibir o estacionamento no centro expandido de São Paulo. A primeira experiência deve ser feita nas ruas do entorno da praça da Sé.
Até o início da próxima semana, Kassab vetará um projeto do vereador Ricardo Teixeira (PSDB), aprovado no fim de junho pela Câmara, que proíbe estacionar na região do centro expandido -o mesmo local onde vigora o rodízio de veículos.
Ao mesmo tempo, o prefeito criará um grupo de trabalho para discutir o assunto. A proibição deve alcançar vias estruturais (como avenidas) e vias coletoras (de ligação entre bairros e vias estruturais), deixando de fora só as vias locais.
A idéia de Kassab e do vereador é criar, inicialmente, bolsões de proibição. Eles serviriam para testar o impacto da medida, que deve ter sua primeira fase implantada até o início de 2008.
O grupo de trabalho deve montar o cronograma de implantação dos bolsões e acompanhar seus resultados.
O principal problema hoje é a falta de vagas em estacionamentos particulares. Estudos da prefeitura apontam que há cerca de 40 mil vagas em garagens privadas no centro -só 20% regularizadas- e um déficit de pelo menos 10 mil vagas. A proibição elevaria esse déficit para até 30 mil vagas.
O prefeito quer, antes de proibir o estacionamento nas ruas -que hoje contam com zona azul-, viabilizar mais garagens no centro. A prefeitura tem projeto para a construção de sete garagens subterrâneas na região central, mas tem dificuldades para encontrar investidores interessados.
O grupo de trabalho deve recomendar ao prefeito que envie à Câmara uma lei que estabelecerá um prazo para o fim da permissão de estacionamento nas ruas do centro. Essa lei, no entendimento do governo, seria a garantia aos investidores de que haverá demanda.
Teixeira admite que só a proibição do estacionamento no centro não resolverá o problema do trânsito em São Paulo, mas diz que é um passo que precisa ser dado.
"O trânsito vai inviabilizar a cidade. Em Paris, Madri, não existe caminhão circulando no centro em horário de pico. No Japão, para comprar um carro você precisa dizer onde vai estacionar. Precisamos tomar medidas urgentes", disse.
Horácio Augusto Figueira, consultor em engenharia de trânsito, disse que a proibição de estacionamento nas ruas do centro é boa, mas que o espaço liberado tem de ser destinado exclusivamente aos ônibus.
Adriane Fontana, professora do Centro Tecnológico da Zona Leste e engenheira de transportes com doutorado pela USP, disse que apenas a proibição do trânsito no centro não resolve o problema.
"Quando você fala do sistema de trânsito, fala de trânsito, de transporte coletivo, da estrutura das vias, de várias coisas. Ações isoladas podem minimizar um problema, mas não resolvem", afirmou.


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