São Paulo, sábado, 12 de julho de 2008

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Camelôs ilegais da rua Oriente temem aperto da fiscalização

DO "AGORA"

Os camelôs que trabalham sem autorização da prefeitura na região da rua Oriente, no Brás (centro de SP), temem que a fiscalização da administração seja endurecida após a investigação sobre os fiscais da subprefeitura da Mooca.
Um ambulante que vende camisas na rua Oriente disse à reportagem que entregava R$10 a um coletor da quadrilha toda semana. Ele contou que um outro camelô era o responsável por recolher o dinheiro e depois pagar à quadrilha e que tinha certeza de que não seria abordado pelos fiscais.
Agora ele está preocupado: "Acho que a fiscalização vai apertar daqui para a frente. A corda sempre estoura do lado mais fraco", disse o ambulante.
Um outro vendedor de bermudas que trabalha na mesma rua afirmou que não pagava propina e chegou a ter um prejuízo de R$ 7.000 com o recolhimento de suas mercadorias pela fiscalização em fevereiro e maio deste ano. "Era uma situação ridícula. Os fiscais vieram para cima da minha barraca e passaram reto pelas outras dos camelôs que pagavam a caixinha", contou o ambulante.
Apesar do alívio pelo fim das cobranças de propinas, o camelô disse que não há muito o que comemorar. "A nossa situação agora vai piorar. Com certeza, a prefeitura vai aumentar a pressão sobre nós", afirmou o vendedor ontem.
Os ambulantes que falaram à reportagem pediram para não ser identificados porque têm medo de represálias.
Neilson Paulo dos Santos, presidente da Associação do Comércio Informal do Micro e Pequeno Empreendedor -uma das entidades que representa os camelôs do centro- afirmou ontem que "a corrupção que vemos hoje é fruto da falta de políticas públicas da prefeitura para os ambulantes da cidade".
Santos afirma que, se a administração tivesse criado mais vagas para a atuação dos ambulantes na região central, o problema da corrupção de fiscais estaria eliminado. "O camelô prefere pagar para o governo em vez de pagar para o corrupto", disse.
(FLÁVIO FERREIRA)



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