São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2010

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GILBERTO PEDRO HOFFMANN NAHAS (1928-2010)

O juiz do Clássico da Vergonha

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Não só à Marinha Gilberto Pedro Hoffmann Nahas se dedicou. Paralelamente, foi também juiz de futebol.
O jogo mais emblemático que apitou -numa carreira que foi dos anos 50 aos 70- acabou ficando conhecido como Clássico da Vergonha.
Em 1º de abril de 1971, em homenagem aos sete anos do golpe militar, Avaí e Figueirense se enfrentaram em Florianópolis (SC), em jogo que contava até com a presença do governador no estádio.
Aos dez minutos do segundo tempo, dois jogadores se desentenderam numa disputa de bola. Acabou em briga generalizada. Na pancadaria, até o pau da bandeirinha foi usado como lança.
Gilberto expulsou os 22 jogadores e encerrou a partida. Tentaram convencê-lo do contrário, e um almirante chegou a ordenar que todos voltassem à campo. O juiz, que era segundo-sargento da Marinha, respondeu que quem apitava ali era ele.
Nascido em Palhoça (SC), ele perdeu o pai cedo e foi criado pela mãe. Alistou-se na Marinha e seguiu carreira. Na Segunda Guerra, foi o radiotelegrafista do navio.
Quando viveu no Rio, atuou como bandeirinha em jogos do Flamengo, seu time do coração. Também trabalhou como jornalista, escrevendo para alguns jornais.
Por 30 anos, em Florianópolis, presidiu uma associação de ex-combatentes.
Gostava de jogar cartas, mas parou porque a mulher pegava no pé. Ultimamente, adorava ficar com os netos.
No ano passado, descobriu ter um câncer. Viúvo há 15 anos, morreu na terça-feira, aos 81. Deixa cinco filhos, sete netos e três bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br


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