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GILBERTO PEDRO HOFFMANN NAHAS (1928-2010)
O juiz do Clássico da Vergonha
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Não só à Marinha Gilberto
Pedro Hoffmann Nahas se
dedicou. Paralelamente, foi
também juiz de futebol.
O jogo mais emblemático
que apitou -numa carreira
que foi dos anos 50 aos 70-
acabou ficando conhecido
como Clássico da Vergonha.
Em 1º de abril de 1971, em
homenagem aos sete anos do
golpe militar, Avaí e Figueirense se enfrentaram em Florianópolis (SC), em jogo que
contava até com a presença
do governador no estádio.
Aos dez minutos do segundo tempo, dois jogadores se
desentenderam numa disputa de bola. Acabou em briga
generalizada. Na pancadaria, até o pau da bandeirinha
foi usado como lança.
Gilberto expulsou os 22 jogadores e encerrou a partida.
Tentaram convencê-lo do
contrário, e um almirante
chegou a ordenar que todos
voltassem à campo. O juiz,
que era segundo-sargento da
Marinha, respondeu que
quem apitava ali era ele.
Nascido em Palhoça (SC),
ele perdeu o pai cedo e foi
criado pela mãe. Alistou-se
na Marinha e seguiu carreira.
Na Segunda Guerra, foi o radiotelegrafista do navio.
Quando viveu no Rio,
atuou como bandeirinha em
jogos do Flamengo, seu time
do coração. Também trabalhou como jornalista, escrevendo para alguns jornais.
Por 30 anos, em Florianópolis, presidiu uma associação de ex-combatentes.
Gostava de jogar cartas,
mas parou porque a mulher
pegava no pé. Ultimamente,
adorava ficar com os netos.
No ano passado, descobriu ter um câncer. Viúvo há
15 anos, morreu na terça-feira, aos 81. Deixa cinco filhos,
sete netos e três bisnetos.
coluna.obituario@uol.com.br
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