São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011

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São Paulo passa a rejeitar doação de busto para praça

Para presidente de comissão, esculturas estão ligadas a ideia do século 19

Associação afirma que a doação do busto de um herói político libanês, que custou R$ 40 mil ao órgão, não foi aceita

VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

Para a Prefeitura de São Paulo, busto em praça pública é uma coisa muito século 19 e, a partir de agora, a doação desse tipo de escultura não será mais aceita.
Em sua última reunião, a Comissão de Gestão de Obras e Monumentos Artísticos em Espaços Públicos não só se negou a receber um busto do sheik Pierre Amine Gemayel como decidiu que "pontuar praças e canteiros centrais da cidade com bustos e cabeças, dada a dimensão da cidade, nada mais representa que poluir a paisagem".
O busto do sheik, um herói político libanês, custou R$ 40 mil à associação União Cultural Kataeb Líbano-Brasil. Ele seria instalado na praça de mesmo nome, na Vila Olímpia, na zona oeste.
O presidente da associação, que também mantém a praça, Georges Khouri, 68, diz não entender a decisão. "Nós só queremos colocar o busto na praça. Caramba, é tão difícil isso?"
Segundo a presidente da comissão, Letícia Bandeira de Mello, a cidade recebe muitos pedidos desse tipo. Para ela, "não se pode ficar preso a uma ideia do século 19", e esse tipo de homenagem poderia ser expressa com outro tipo de escultura.
O escultor Cícero D'Ávila, autor de um busto de Tiradentes instalado no bairro Cidade Tiradentes, na zona leste, acha a medida um "erro".
"Para que dizer se isso é século A, B, C ou D? Eles querem ditar uma tendência de moda nas artes plásticas, isso é um absurdo", diz o escultor. Para ele, só faz sentido se a medida visar impedir que obras de gosto duvidoso sejam colocadas na cidade.
De acordo com o inventário de obras em logradouros públicos de São Paulo, a cidade tem 52 bustos e cabeças. Só na praça da República (centro), local que concentra o maior número de esculturas do tipo, há oito delas.
A mais antiga, que retrata o escritor Álvares de Azevedo, é de 1907 e está no largo São Francisco, no centro, seu quinto endereço na cidade -outro foi o depósito municipal, por quase 30 anos.
A prefeitura diz que continua tendo interesse na doação de "bustos de relevância artística comprovada, para serem instalados em locais onde possam ser devidamente percebidos e apreciados".


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