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São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2003

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CENTENÁRIO DO XI DE AGOSTO

Prefeita foi alvo de protesto; ministro diz que seria como "jogar um veado em homem"

Estudante de direito joga galinha em Marta

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Estudantes de direito erguem cédulas de real em protesto contra taxas criadas pela prefeitura


DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudante jogou uma galinha preta, viva, em direção à prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), ontem, enquanto ela discursava para estudantes e professores de direito na comemoração do centenário do Centro Acadêmico XI de Agosto, no largo São Francisco (centro da capital paulista). Marta, que não chegou a ser atingida, assinou um decreto que denomina o local em que está a faculdade como "território livre do largo São Francisco".
Ao comentar o fato, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que participou do evento após a prefeita, afirmou que o acontecimento era constrangedor e que os alunos haviam ultrapassado o limite. "Seria como se um homem estivesse falando e jogassem um veado. Havia a vontade de agredir", afirmou.
Antes mesmo do episódio, a prefeita já havia dito estar surpresa com as vaias de parte dos estudantes, que sacudiam notas de R$ 1 e R$ 10 e a chamavam de "Martaxa" -em alusão aos novos tributos instituídos pela prefeitura.
Após ser surpreendida com a galinha, Marta chamou o estudante Ernest Hellmuth, 18, que havia jogado a ave, para subir ao palco, no pátio das arcadas, e dizer com o que estava bravo.
O rapaz se apresentou como membro do "Partido Feudal", uma organização estudantil que atua na faculdade, mas foi interrompido por uma integrante do centro acadêmico, que classificou o ato de desrespeitoso.

Improviso
Devido ao protesto, Marta decidiu substituir o discurso que havia preparado sobre a história do centro acadêmico por outro improvisado. "Vou falar o que tem sido a prefeitura porque parece que a maioria ou não gostou, ou não entendeu ou é do contra."
Para defender sua atuação à frente da prefeitura, Marta destacou a implementação do Plano Diretor e das subprefeituras e a construção de 21 CEUs (Centros Educacionais Unificados), "que vão dar para a periferia a oportunidade de ter tudo o que a classe média e provavelmente vocês [universitários] tiveram acesso".
Em entrevista após o evento, a prefeita considerou o ato obra de um "núcleo do PSDB organizado". Ernest Hellmuth, porém, nega ter ligação com o partido.
Essa não foi a única manifestação que a prefeita enfrentou ao longo do dia. Após uma visita ao prédio dos Correios, no vale do Anhangabaú (centro), o carro de Marta foi cercado por aproximadamente cem camelôs, que reclamavam da retirada de suas barracas por fiscais.
Pouco antes, a prefeita havia assinado com a empresa Nestlé um convênio que oferecerá 200 vagas de sorveteiro ambulante no centro para camelôs irregulares que foram cadastrados nos programas de emprego da prefeitura.

Movimentos Sociais
O ministro Márcio Thomaz Bastos disse ontem que o governo federal está tendo "uma condescendência normal no regime democrático" com o MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e os demais movimentos sociais que vêm promovendo invasões pelo país.
"Não vamos aceitar esse tipo de conselho, que vem da direita, de que é preciso baixar o pau nos movimentos sociais, porque não é preciso", afirmou o ministro durante o evento no Centro Acadêmico XI de Agosto.

Colaborou a Folha Online


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