|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ALIANÇA PONTUAL
Governo de SP e União fundem hoje seus programas de transferência de renda à população carente
Alckmin abraça programa social de Lula
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Oposição, mas nem tanto. O governador de São Paulo, o tucano
Geraldo Alckmin, assina hoje um
convênio com o ministro do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome, o petista Patrus Ananias,
para a unificação dos programas
de transferência de renda do Estado (Renda Cidadã) e da União
(Bolsa-Família).
Na prática, além de um cartão
único, parte dos 97 mil paulistas
de baixa renda beneficiados terão
um aumento na quantia que recebem mensalmente. O valor irá oscilar entre R$ 60 e R$ 95, de acordo com a renda mensal e o número de dependentes.
O Bolsa-Família é a principal vitrine social do governo Lula.
Atende hoje 4,3 milhões de famílias em todo o país.
A decisão de Alckmin de assinar
o convênio com a União não é
meramente administrativa. Governador reeleito de São Paulo, o
tucano sonha agora com a Presidência da República.
Sua estratégia política inclui
manter, por enquanto, boas relações com o PT nacional e não se
desgastar com a disputa acirrada
entre a petista Marta Suplicy e o
tucano José Serra pela prefeitura
paulistana.
Outro tucano que sonha com a
Presidência, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, também
assinou recentemente um convênio semelhante com a União. Diferentemente de Geraldo Alckmin, que estuda se candidatar à
sucessão de Lula em 2006, o mineiro pensa em 2010.
Critérios
A unificação do Bolsa-Família e
do Renda Cidadã começou a ser
discutida há um ano, quando Ana
Fonseca assumiu a secretaria executiva do ministério. Ela é amiga
de Maria Helena Castro, a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social do governo Alckmin que coordenou a fusão dos
programas. Ambas trabalharam
por anos no Núcleo de Políticas
Públicas da Unicamp (Universidade de Campinas).
A principal dificuldade dos técnicos foi definir quais seriam os
critérios exigidos para a concessão do dinheiro. Optou-se por
renda e número de dependentes.
Além de eliminar a duplicidade
de benefícios a uma mesma família, o novo cadastro trará economia ao reduzir as operações bancárias de repasse do dinheiro
-que será feito pela Caixa Econômica Federal.
O governo federal vai continuar
gastando cerca de R$ 170 milhões
por ano para atender a região metropolitana de São Paulo -excluindo a capital, já que a prefeita
Marta Suplicy assinará convênio
exclusivo com a União. Já o Estado vai gastar R$ 10 milhões a mais por ano.
O acordo tem validade até 2007.
A intenção é ampliar o convênio
nos próximos meses para as regiões metropolitanas de Campinas e de Santos, no interior e no litoral paulista. Se o plano for concretizado, 70% dos paulistas que
vivem abaixo da linha da pobreza
serão atendidos.
Hoje, há 1,1 milhão de famílias
nessa situação no Estado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). Somados,
os esforços de Lula, Alckmin e
Marta aliviarão as finanças de metade dos moradores pobres da região metropolitana de São Paulo.
Além do valor pago ser maior, o
novo cartão trará outra vantagem
aos beneficiários: eles terão prioridade para usufruir de programas de distribuição de leite, de alfabetização e de capacitação profissional.
"Queremos que essas pessoas se
requalifiquem e consigam caminhar com suas próprias pernas. A
bolsa deve ser só um impulso",
afirma Maria Helena Castro.
O Bolsa-Família deriva dos programas de transferência de renda
herdados do governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), como
o Bolsa-Escola, o Bolsa-Alimentação e o Auxílio-Gás.
A União vem tentando a fusão
com programas de Estados e das
principais capitais do país desde o
ano passado, mas esbarrava em
uma resposta dada em uníssono
por governantes de norte a sul: a
falta de verbas.
A solução encontrada nas últimas semanas foi assinar convênios mesmo que a contrapartida
financeira seja pequena.
Texto Anterior: Há 50 anos: Renúncia de Vargas pode dar fim à crise Próximo Texto: À espera: Fila por benefício reúne 6.600 por dia em SP Índice
|