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ENGENHARIA DO CRIME
Dois foram detidos acusados de ligação com o caso; BC admite que foram levados R$ 164,8 mi
Polícia recupera R$ 3 mi do BC em Minas
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A Polícia Federal localizou cerca
de R$ 3 milhões, em notas usadas
de R$ 50, e investiga a participação de uma transportadora e de
uma revenda de veículos do Ceará
no furto à caixa-forte do Banco
Central, em Fortaleza.
O prejuízo causado pelo maior
furto a banco já registrado no país
superou os R$ 150 milhões estimados pela própria PF no início
do caso. Após perícia, o Banco
Central admitiu ontem que foram
levados R$ 164,8 milhões.
Os R$ 3 milhões foram localizados em duas camionetes compradas supostamente pela quadrilha
em um posto da Polícia Rodoviária Federal em Sete Lagoas (MG).
Os carros eram transportados
com outros nove veículos num
caminhão-cegonha, da empresa
JE Transporte, de Fortaleza.
Além do motorista, Rogério
Maciel, o próprio dono da empresa, José Charles Machado de Moraes, estava no caminhão. Os dois
foram presos logo que foi encontrado o dinheiro. Havia cerca de
R$ 1 milhão na Mitsubishi L-200 e
mais R$ 2 milhões na Montana.
As notas estavam organizadas
em maços de cem, enrolados em
cintas de papel com a inscrição
Banco do Brasil-Fortaleza.
Os dois carros e outros oito veículos, entre eles um caminhão-cegonha sem a carroceria, foram
comprados com o dinheiro furtado no último sábado, por R$ 980
mil, na revendedora Brilhe Car.
A loja fica a poucos metros da JE
Transporte, em Fortaleza. Até um
ano e sete meses atrás, a JE pertencia à Brilhe Car, que vendeu a empresa a Moraes por R$ 200 mil. Os
vínculos comerciais se mantiveram, já que o prédio onde funciona a transportadora ainda é dos
donos da revenda de veículos.
A funcionária Adriana Abreu
disse ontem que seu patrão foi intermediário na compra dos veículos pela quadrilha, na Brilhe Car,
ao indicar a revenda para os supostos empresários paulistas interessados em comprar carros para
revender em São Paulo. O contato
dos ladrões com a transportadora, para combinar o envio dos
dois carros a São Paulo, também
foi por meio de Charles, diz ela.
Ontem, os proprietários da Brilhe Car, José Elizomartes Fernandes e Demerval Fernandes, passaram o dia na PF depondo. Segundo o advogado deles, Paulo César
Feitosa, os donos confirmaram
que a compra dos veículos foi feita
por Moraes, que pagou tudo em
dinheiro no último sábado.
"Ele trouxe o dinheiro em um
saco e levou os carros, um a um,
possivelmente para sua transportadora", disse Feitosa. O primeiro
contato para a venda dos veículos,
segundo Feitosa, foi há 15 dias.
O pagamento e a retirada foram
feitos no sábado, entre 9h e 15h. A
PF desconfia que a ação de retirada de dinheiro do cofre do BC,
por um túnel de 80 metros, tenha
ocorrido no mesmo dia, até 12h.
À noite, foi decretada a prisão
temporária por cinco dias dos
dois sócios da revendedora.
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