São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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ENGENHARIA DO CRIME

Dois foram detidos acusados de ligação com o caso; BC admite que foram levados R$ 164,8 mi

Polícia recupera R$ 3 mi do BC em Minas

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A Polícia Federal localizou cerca de R$ 3 milhões, em notas usadas de R$ 50, e investiga a participação de uma transportadora e de uma revenda de veículos do Ceará no furto à caixa-forte do Banco Central, em Fortaleza.
O prejuízo causado pelo maior furto a banco já registrado no país superou os R$ 150 milhões estimados pela própria PF no início do caso. Após perícia, o Banco Central admitiu ontem que foram levados R$ 164,8 milhões.
Os R$ 3 milhões foram localizados em duas camionetes compradas supostamente pela quadrilha em um posto da Polícia Rodoviária Federal em Sete Lagoas (MG). Os carros eram transportados com outros nove veículos num caminhão-cegonha, da empresa JE Transporte, de Fortaleza.
Além do motorista, Rogério Maciel, o próprio dono da empresa, José Charles Machado de Moraes, estava no caminhão. Os dois foram presos logo que foi encontrado o dinheiro. Havia cerca de R$ 1 milhão na Mitsubishi L-200 e mais R$ 2 milhões na Montana.
As notas estavam organizadas em maços de cem, enrolados em cintas de papel com a inscrição Banco do Brasil-Fortaleza.
Os dois carros e outros oito veículos, entre eles um caminhão-cegonha sem a carroceria, foram comprados com o dinheiro furtado no último sábado, por R$ 980 mil, na revendedora Brilhe Car.
A loja fica a poucos metros da JE Transporte, em Fortaleza. Até um ano e sete meses atrás, a JE pertencia à Brilhe Car, que vendeu a empresa a Moraes por R$ 200 mil. Os vínculos comerciais se mantiveram, já que o prédio onde funciona a transportadora ainda é dos donos da revenda de veículos.
A funcionária Adriana Abreu disse ontem que seu patrão foi intermediário na compra dos veículos pela quadrilha, na Brilhe Car, ao indicar a revenda para os supostos empresários paulistas interessados em comprar carros para revender em São Paulo. O contato dos ladrões com a transportadora, para combinar o envio dos dois carros a São Paulo, também foi por meio de Charles, diz ela.
Ontem, os proprietários da Brilhe Car, José Elizomartes Fernandes e Demerval Fernandes, passaram o dia na PF depondo. Segundo o advogado deles, Paulo César Feitosa, os donos confirmaram que a compra dos veículos foi feita por Moraes, que pagou tudo em dinheiro no último sábado.
"Ele trouxe o dinheiro em um saco e levou os carros, um a um, possivelmente para sua transportadora", disse Feitosa. O primeiro contato para a venda dos veículos, segundo Feitosa, foi há 15 dias.
O pagamento e a retirada foram feitos no sábado, entre 9h e 15h. A PF desconfia que a ação de retirada de dinheiro do cofre do BC, por um túnel de 80 metros, tenha ocorrido no mesmo dia, até 12h.
À noite, foi decretada a prisão temporária por cinco dias dos dois sócios da revendedora.


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