São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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CARTÃO VERMELHO

Ex-goleiro, acusado de envolvimento com o tráfico de drogas, está preso em Presidente Bernardes

Pelé visita Edinho em presídio e diz crer em inocência

Georgiane Costa/"Oeste Notícias"
Pelé dá entrevista em Presidente Bernardes (interior de SP), onde esteve para visitar o filho Edinho


CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

Após visitar o filho preso há 44 dias na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes (586 km de SP), Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, voltou a afirmar que Edson Cholbi do Nascimento, 34, o Edinho, acusado de envolvimento com tráfico de drogas, não é culpado.
"Ele fala a verdade, não teve nenhuma culpa. Até agora, não tem nada que comprove a prisão. Mas eu acredito na Justiça. Logo tudo será resolvido, e ele vai sair [da prisão] sem problema algum."
O ex-goleiro do Santos foi preso em 6 de junho pelo Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos). Sua ida ao presídio do interior paulista, em 28 de junho, foi decidida para protegê-lo de supostas ameaças de morte de facções criminosas.
Pelé recebeu uma autorização especial do diretor da unidade, considerada a mais segura do país, para ver o filho fora da data determinada para visitas.
O encontro estava agendado para domingo, Dia dos Pais. "Estarei viajando no domingo e tive a permissão para dar um alô, um abraço nele", afirmou Pelé.
Pelas normas do RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) que vigora em Presidente Bernardes, o preso só tem direito a visitas familiares nos finais de semana.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, o pedido foi atendido por "questões de segurança" e para "evitar tumulto pela presença de Pelé no domingo", dia de visita.
O órgão esclarece que essa foi a "única concessão" ao visitante, que teve de passar pelo raio-X do presídio. Porém, outra regalia foi a permissão da entrada do táxi dentro do complexo prisional, tratamento negado a familiares e advogados de outros presos.
Acompanhado da mulher do ex-goleiro, Jéssica Lizete Fernandes do Nascimento, e do advogado, Pelé entrou no presídio às 11h30 e deixou o local às 13h50.
Ele chegou à região num avião cedido por um dirigente de um clube do interior paulista. Pelé falou ontem por quase duas horas com Edinho, no parlatório, sala onde os visitantes não têm contato físico com o preso, são separados por um vidro blindado e falam por um interfone. "Ele está bem. A gente conversou, e ele está seguro graças a Deus."
O rei do futebol disse ainda que o filho fez um pedido.
"Ele disse que, se pudesse, queria passar o Dia dos Pais em família. Esse foi o pedido dele. Nós temos fé. Pode ser que ele passe o domingo em família." Um pedido de habeas corpus tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça) desde a última terça-feira, um dia depois de o Tribunal de Justiça negar pedido de liberdade.
Pelé afirmou que a situação de sua família é muito "triste". "É triste mesmo. Vários pais estão passando pelo mesmo problema ou até piores do que o meu. Por isso, dou força aos pais e agradeço a todos que têm orado por mim, mandado e-mail."
A presença de Pelé no aeroporto chamou a atenção dos moradores, que aproveitaram para pedir autógrafos e posar para fotos.
Um dos mais felizes era o taxista Marinésio Sanches Maurício, que levou Pelé até o presídio e conseguiu uma foto autografada do ídolo. "Ele é um homem de Deus, muito humilde", afirmou.
O motorista, que não revelou o preço da corrida, afirmou que Pelé falou pouco durante o trajeto.

Processo
Edinho e outras 11 pessoas foram denunciados pelo Ministério Público pelos crimes de tráfico de drogas, porte de objetos usados no preparo dos entorpecentes, associação para o tráfico e porte ilegal de armas. A Justiça de Praia Grande (litoral de SP) recebeu a denúncia no dia 14 de julho.
Edinho afirma ser dependente químico e nega fazer parte da suposta quadrilha do empresário Ronaldo Duarte Barsotti, 33, o Naldinho, apontado pelo Denarc como líder do tráfico na Baixada Santista. Naldinho também nega ser traficante.
No dia 15 de julho, Edinho foi absolvido da acusação de homicídio por ter participado de suposto racha que provocou a morte do aposentado Pedro Simões Neto, em 1992, em Santos.


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