São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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DESARMAMENTO

Frentes dizem faltar verba para campanha

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As campanhas das duas frentes parlamentares para o referendo sobre a proibição da venda de armas de fogo têm um ponto em comum: a falta de recursos. Para deputados dos dois grupos ouvidos pela Folha, sem a possibilidade de conquistar, após a votação de 23 de outubro, licitações, cargos públicos ou compensações econômicas, os grandes financiadores se afastam da campanha.
Para o deputado federal Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP), da frente Pelo Direito da Legítima Defesa, contrária à proibição, "vai ser muito difícil fazer a arrecadação". "Lamentavelmente, hoje o financiamento é feito de forma que interesses se sobreponham ao próprio candidato. Então, apóia-se um candidato para que ele possa depois atender aos interesses desse ou daquele grupo. Quando há apenas uma idéia em discussão, ela não vai gerar, evidentemente, vantagens econômicas ou de poder. Está aí o problema."
É a incerteza em relação ao financiamento que impediu a frente Pelo Direito da Legítima Defesa de definir seu marqueteiro. O grupo convidou Chico Santa Rita -que participou da campanha de Fernando Collor à Presidência da República-, mas o acerto depende da arrecadação obtida.
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), secretário-geral da frente Brasil sem Armas, afirmou que a campanha será "infinitamente" mais modesta do que as para cargos eletivos. "Não temos benefícios públicos para colocar no "mercado futuro". Não temos cargos públicos ou licitações. Isso quer dizer que imediatamente nós afastamos um certo tipo de interesse. O lobby da privatização do espaço público."
Sorteio do TSE definiu que a primeira tecla a aparecer na urna eletrônica no dia da votação corresponderá ao "não", para quem quiser votar contra à proibição da venda de armas de fogos.

Liminar
A organização não-governamental Viva Rio recebeu ontem a informação de que uma liminar concedida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a impedia de financiar ato de campanha a favor do sim no referendo. A decisão era específica sobre ato programado para ontem, mas na prática impede, por enquanto, o financiamento da frente pelo Viva Rio.
Segundo o coordenador da entidade, o sociólogo Rubem César Fernandes, o motivo alegado era que o Viva Rio, assim como várias outras ONGs, recebe financiamento internacional, o que, em tese, contrariaria a lei eleitoral do país. A frente pretende recorrer por entender que a ONG não está sujeita às regras eleitorais por não se tratar de partido.
Quem protocolou a ação no TSE foi a frente Pelos Direitos da Legítima Defesa. Por causa da liminar, um evento que marcaria ontem o lançamento da campanha foi transferido da sede da ONG, na Glória (zona sul do Rio), para um bar.


Colaborou a Sucursal do Rio

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