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SANTA CATARINA
Documento autorizava obra de três andares
Prédio que desabou era mais alto do que alvará de construção permitia
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
O alvará de construção do prédio que afundou anteontem de
manhã, em Içara (SC), autorizava
apenas três pavimentos,
mas cinco foram erguidos. O corpo da quarta vítima foi localizado
com a ajuda de cães farejadores,
mas não havia sido retirado dos
escombros até o fechamento desta edição. Outras dez pessoas ficaram feridas.
O secretário de Obras de Içara,
Arnaldo Lodetti Júnior, disse ontem que o projeto do prédio previa só dois andares além do térreo, tal como indica o alvará de
construção, em poder do Crea
(Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) de
Santa Catarina.
A Folha tentou, na prefeitura,
obter o Habite-se -documento
que atesta que o imóvel foi feito
segundo as exigências do município- para saber se ele atesta a
construção dos cinco andares. O
secretário disse que não sabia onde estava o documento, mas que
faria um levantamento para encontrá-lo e entregá-lo à polícia.
Se o Habite-se indicar apenas
três pavimentos, Celso Ramos
Fonseca, presidente do Crea-SC,
diz que a prefeitura terá de explicar a possível falha de fiscalização.
Resgate
Bombeiros tentavam até a noite
de ontem resgatar o corpo do empresário Nivaldo Fernandes, 41, a
quarta vítima do afundamento do
prédio dos Correios de Içara.
Parte da estrutura do prédio,
que teve os três pavimentos superiores intactos, foi destruída à tarde para não colocar em risco os
bombeiros. São quatro os mortos
e dez os feridos no acidente. Dois
deles seguem internados no hospital São Donato, no centro.
De madrugada, o prédio chegou
a afundar alguns centímetros. Foi
necessário evacuar um edifício e
quatro casas. "Não há risco, o edifício não está inclinando", afirmou Fonseca.
A reportagem não conseguiu falar com o proprietário da construtora. O engenheiro responsável
pela obra não quis se manifestar.
O delegado Alan José de Amorim já instaurou inquérito para
apurar as causas do desabamento.
Ele tem prazo de 30 dias para ser
concluído. As primeiras testemunhas devem ser ouvidas hoje.
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