São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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SANTA CATARINA

Documento autorizava obra de três andares

Prédio que desabou era mais alto do que alvará de construção permitia

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

O alvará de construção do prédio que afundou anteontem de manhã, em Içara (SC), autorizava apenas três pavimentos, mas cinco foram erguidos. O corpo da quarta vítima foi localizado com a ajuda de cães farejadores, mas não havia sido retirado dos escombros até o fechamento desta edição. Outras dez pessoas ficaram feridas.
O secretário de Obras de Içara, Arnaldo Lodetti Júnior, disse ontem que o projeto do prédio previa só dois andares além do térreo, tal como indica o alvará de construção, em poder do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) de Santa Catarina.
A Folha tentou, na prefeitura, obter o Habite-se -documento que atesta que o imóvel foi feito segundo as exigências do município- para saber se ele atesta a construção dos cinco andares. O secretário disse que não sabia onde estava o documento, mas que faria um levantamento para encontrá-lo e entregá-lo à polícia.
Se o Habite-se indicar apenas três pavimentos, Celso Ramos Fonseca, presidente do Crea-SC, diz que a prefeitura terá de explicar a possível falha de fiscalização.

Resgate
Bombeiros tentavam até a noite de ontem resgatar o corpo do empresário Nivaldo Fernandes, 41, a quarta vítima do afundamento do prédio dos Correios de Içara.
Parte da estrutura do prédio, que teve os três pavimentos superiores intactos, foi destruída à tarde para não colocar em risco os bombeiros. São quatro os mortos e dez os feridos no acidente. Dois deles seguem internados no hospital São Donato, no centro.
De madrugada, o prédio chegou a afundar alguns centímetros. Foi necessário evacuar um edifício e quatro casas. "Não há risco, o edifício não está inclinando", afirmou Fonseca.
A reportagem não conseguiu falar com o proprietário da construtora. O engenheiro responsável pela obra não quis se manifestar.
O delegado Alan José de Amorim já instaurou inquérito para apurar as causas do desabamento. Ele tem prazo de 30 dias para ser concluído. As primeiras testemunhas devem ser ouvidas hoje.


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