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Fábio, 35, se espelha na experiência
DA REVISTA DA FOLHA
"Agora é com você." Foi com
essa frase e um tapinha nas costas que meu pai deu boas-vindas à minha nova vida de pai.
Meu primeiro filho, hoje com
nove anos, nasceu no dia 28 de
novembro de 1997. Aquela experiência, um misto de ansiedade, frio na barriga, insegurança e alegria desesperadora
iria se repetir mais duas vezes.
A última, há 11 meses, com a
minha segunda mulher. O tapinha nas costas e a frase encorajadora, não mais.
Tive uma educação austera.
Levei uns tabefes e uns puxões
de orelha. Na época de moleque, não entendia. Agora me
pego relembrando aqueles momentos quando tenho que dar
umas palmadas nos meus também. Hoje, imagino o quanto
foi dolorido para ele, porque é
dolorido para mim.
Meu pai sempre impôs limites. Até os 17 anos, eu tinha que
chegar em casa, no máximo, às
23h. Mas, e agora, num mundo
onde as crianças nos surpreendem com o nível de informação
e rapidez, como impor limites?
É árdua a tarefa de ser pai.
Ao contrário dos meus colegas de rua, eu nunca dirigi um
carro antes de ter habilitação.
Só fui aprender a dirigir aos 18
anos, quando ele me deu um de
presente. Ser pai é um aprendizado eterno. Leva tempo... Só
espero não repetir uma cena
que me colocava numa tremenda saia justa.
Noite de sábado, a galera toda
ia lá para casa. A sala cheia e o
meu pai grudado no noticiário
da TV, como se as visitas não
existissem. E ainda pedia para
fazer silêncio. E se, no futuro,
os colegas dos meus filhos me
pegarem de pijamas assistindo
a uma novela mexicana ou a um
jogo da série C na TV?"
Fábio Selingrin, 35, gerente de tecnologia da informação, é filho de Arlindo, 65
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