São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Fábio, 35, se espelha na experiência

DA REVISTA DA FOLHA

"Agora é com você." Foi com essa frase e um tapinha nas costas que meu pai deu boas-vindas à minha nova vida de pai.
Meu primeiro filho, hoje com nove anos, nasceu no dia 28 de novembro de 1997. Aquela experiência, um misto de ansiedade, frio na barriga, insegurança e alegria desesperadora iria se repetir mais duas vezes. A última, há 11 meses, com a minha segunda mulher. O tapinha nas costas e a frase encorajadora, não mais.
Tive uma educação austera. Levei uns tabefes e uns puxões de orelha. Na época de moleque, não entendia. Agora me pego relembrando aqueles momentos quando tenho que dar umas palmadas nos meus também. Hoje, imagino o quanto foi dolorido para ele, porque é dolorido para mim.
Meu pai sempre impôs limites. Até os 17 anos, eu tinha que chegar em casa, no máximo, às 23h. Mas, e agora, num mundo onde as crianças nos surpreendem com o nível de informação e rapidez, como impor limites? É árdua a tarefa de ser pai.
Ao contrário dos meus colegas de rua, eu nunca dirigi um carro antes de ter habilitação. Só fui aprender a dirigir aos 18 anos, quando ele me deu um de presente. Ser pai é um aprendizado eterno. Leva tempo... Só espero não repetir uma cena que me colocava numa tremenda saia justa.
Noite de sábado, a galera toda ia lá para casa. A sala cheia e o meu pai grudado no noticiário da TV, como se as visitas não existissem. E ainda pedia para fazer silêncio. E se, no futuro, os colegas dos meus filhos me pegarem de pijamas assistindo a uma novela mexicana ou a um jogo da série C na TV?"


Fábio Selingrin, 35, gerente de tecnologia da informação, é filho de Arlindo, 65


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