São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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Em decadência, "dia da pendura" fica comportado para sobreviver

A fim de evitar problema, estudante agenda calote com restaurante

NATÁLIA CANCIAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tradição tida como ameaçada por alguns, o "dia da pendura" -calote quase bicentenário aplicado pelos estudantes de direito em restaurantes no dia 11 de agosto- está cada vez mais "diplomático", de acordo com os participantes.
Para o professor da Escola Paulista de Direito, Ricardo Castilho, 38, a explosão no número de faculdades e a "perda de charme" do curso com a crescente reprovação nos exames da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) deve tornar a tradição inviável nos próximos anos.
Enquanto isso não acontece, alunos ainda se organizam para manter as comemorações. No "pendura diplomático", modalidade que vem crescendo nos últimos anos, estudantes telefonam antes para o restaurante e combinam um preço com o dono para comemorar a data.
"Vou pagar a metade da conta e ele vai me dar a bebida", diz o estudante do 5º ano da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Maurício Matar, 22. Ele fez um acordo com o dono de um restaurante na Bela Vista (região central de São Paulo). "Ninguém mais quer ir para a delegacia", diz.
Segundo Matar, a outra modalidade, o "pendura tradicional", em que o estabelecimento só sabe do calote depois do discurso e da cantoria dos alunos ("Garçom, tire a conta da mesa e bote um sorriso no rosto"), ainda é praticado, mas geralmente pelos calouros.
Ontem, uma turma de 16 alunos do 1º ano da faculdade direito da USP tentou deixar de pagar uma conta de R$ 245 no restaurante Piolin, na rua Augusta (centro de São Paulo). "Mas eu já dei pendura hoje!", argumentou a gerente Maria Benedita que, no fim, aceitou receber apenas o valor das bebidas, os 10% e tirou fotos com a turma.
Para o vice-presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcos da Costa, a surpresa faz parte da tradição. "Não se agenda anteriormente. Aí não é mais o "pendura'", diz ele.


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