São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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Laudo contradiz PM sobre tiros em ônibus

Perícia aponta marcas de calibres diferentes no veículo sequestrado, mas as duas armas apresentadas são similares

Governador diz que "comando da Segurança não passará mão na cabeça de culpados'; policiais são indiciados

DIANA BRITO
MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Laudo preliminar do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) mostra que tiros de armas de diferentes calibres atingiram o ônibus sequestrado na noite de terça no Rio. Na ocasião, quatro assaltantes faziam cerca de 20 passageiros reféns. A ação da PM deixou cinco inocentes feridos -um em estado grave.
O soldado Glauber Medeiros Poubel e o cabo Henrique Aurelino, do 5º BPM, apresentaram duas pistolas, de calibre .40, como as únicas que atiraram contra o ônibus.
Dois servidores da Secretaria de Segurança que viram o laudo, porém, disseram à Folha que a lataria tinha marcas de diferentes calibres.
A polícia apreendeu três armas com os criminosos presos. Mas o laudo diz que os 14 disparos que atingiram o ônibus partiram do lado de fora.
A Corregedoria da PM abriu inquérito para investigar a atuação dos policiais.
A delegada Sania Bertudi, da 6ª DP, admite "a possibilidade de haver outros calibres", mas disse que essa não é sua preocupação atual. "Não estou interessada em saber disso porque o crime está solucionado."
Ela indiciou os dois policiais sob suspeita de lesão corporal, já que admitem ter atirado contra o ônibus -alegam que tentavam atingir os pneus para pará-lo. A Folha não conseguiu localizá-los.
O laudo definitivo deve sair em 15 dias. Há suspeita de que o veículo tenha sido atingido também por tiros de fuzil. Ao menos dez policiais participaram do cerco.
A PM informou que "apenas dois PMs tiveram as armas apreendidas porque foram os únicos que efetuaram os disparos".
A ação causou críticas à PM. A polícia e a Secretaria de Segurança admitiram falhas. Ontem, foi a vez de o governador Sérgio Cabral comentar o caso. "Se houve erro, o comando de Segurança Pública não vai passar a mão na cabeça dos culpados."


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