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BARBÁRIE
Motoboy que confessou sequestro de Ives Ota, de 8 anos, foi também espancado duas vezes na prisão em SP
Acusado de sequestrar garoto é violentado
OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local
O motoboy Silvio da Costa Batista, 26, que confessou ter participado do sequestro do estudante Ives
Yoshiaki Ota, 8, foi espancado e
violentado sexualmente duas vezes na carceragem do Depatri (Departamento de Investigações sobre
Crimes contra o Patrimônio), no
Carandiru (zona norte de SP).
Batista foi preso na última sexta-feira, quando telefonava de um
orelhão para a família de Ives, exigindo R$ 80 mil de resgate.
O corpo do garoto, morto com
dois tiros na cabeça, foi encontrado na segunda-feira enterrado no
quarto onde Batista dormia com a
mulher e a filha. Ele confessa ter
sequestrado o garoto, mas acusa
dois PMs pelo assassinato.
Desde sua prisão até a tarde de
anteontem, Batista ficou em uma
cela fora da carceragem, pois era
levado constantemente para a Delegacia Especializada Anti-Sequestro (Deas), em outro prédio, para
prestar depoimentos. No final da
tarde de quarta, ele foi colocado
em uma cela com outros 29 presos.
Por volta das 19h, ele foi espancado
e violentado pela primeira vez, segundo a polícia.
"Os presos souberam que ele
havia participado do sequestro da
criança e o torturaram por cerca de
dez minutos. Quando os policiais
ouviram os gritos, tiraram o preso
da cela e levaram ao hospital", afirmou o delegado Paulo Fortunato,
titular do Diprocom (Divisão de
Proteção Comunitária), à qual o
Deas é subordinado.
Socorro
"Quando entramos na cela, o
preso não conseguia nem mais gritar por socorro. Ele apanhou até
desmaiar. Se ele ficasse mais cinco
minutos na cela, iria morrer", afirmou um policial do Depatri que
participou do resgate de Batista.
Batista foi levado à unidade do
PAS (Plano de Atendimento à Saúde) em Santana. Segundo os médicos, ele apresentava contusões em
todas as partes do corpo devido às
agressões. Ele também foi violentado sexualmente pelos presos.
Por volta das 5h, Batista teve alta
médica e foi levado novamente ao
Depatri. Para evitar novas agressões, ele foi colocado em uma cela
separada da carceragem, com 19
presos jurados de morte.
Mas, três horas depois, houve
uma rebelião na carceragem. Segundo a polícia, os presos rebelados arrombaram a cela onde Batista estava e
tomaram os 20 presos do local como refém.
Pela segunda vez, o motoboy foi
espancado e socorrido no PAS de
Santana, junto com outros 11 presos feridos na rebelião. Esse segundo espancamento durou cerca de
cinco minutos.
No início da tarde de ontem, ele
foi levado pela terceira vez ao Depatri e colocado na cela fora da
carceragem. Até a noite de ontem,
segundo a polícia, o motoboy não
havia sido ameaçado pelos outros
cinco presos que dividem a cela.
A polícia não autorizou que Batista desse entrevista.
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