São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2000

Próximo Texto | Índice

MORTES VIOLENTAS
Ribeirão Preto lidera ranking entre cidades com mais de 200 mil habitantes no Estado, segundo a Seade
Em SP, trânsito no interior mata mais

Roosevelt Cassio/Folha Imagem
Caminhão e carro, que bateram na rodovia dos Tamios, que liga o Vale do Paraíba ao litoral paulista


KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

O trânsito nas cidades interioranas de São Paulo mata mais do que o da capital paulista, segundo levantamento da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) com dados de 1999.
A cidade de Ribeirão Preto (319 km de São Paulo) lidera o ranking de mortos por veículos automotores. No ano passado, foram 28,9 vítimas fatais por 100 mil habitantes. A segunda posição, com 23,3, é dividida entre São José dos Campos (97 km de São Paulo) e Diadema (Grande São Paulo).
A capital do Estado, com seus 9.839.436 habitantes, registrou uma taxa de 17,2 óbitos no trânsito a cada 100 mil moradores.
Outras cidades listadas apresentam taxas inferiores, como Santos (14,4), no litoral, e Osasco (10,0), na Grande São Paulo.
Nos oito primeiros meses deste ano, o trânsito de Ribeirão matou 28 pessoas -uma a menos que o registrado em 1999, segundo a Polícia Militar. Nas estradas, ainda de acordo com as autoridades policiais, o número de mortos na região é de 116 de janeiro a agosto.
Ribeirão, que, segundo a polícia, tem uma frota de 258 mil veículos -praticamente um para cada dois habitantes-, pode ter ainda mais acidentes, já que, de acordo com o urbanista Evandro Cardoso, a sinalização nas vias da cidade é precária.
"O estudo só indica o que era esperado e prova que a cidade está longe de ter um trânsito "decente'", afirmou o urbanista.
Além da sinalização, outros pontos são tidos pela Polícia Militar como determinantes para o alto índice de mortes no trânsito, como a alta taxa de motorização da população, a insuficiência de fiscalização e autuação nas principais vias da cidade, a falta de educação no trânsito e o desrespeito às leis.
As rodovias da região estão operando sem os radares fotográficos, como determina o Código de Trânsito Brasileiro.
"A solução para a cidade é a implantação de radares eletrônicos em pontos fixos e randômicos, além do uso de bafômetros, principalmente à noite", afirmou Cardoso.
De acordo com um estudo da USP/Ribeirão, 90% das mortes ocorrem por falta de atenção dos motoristas, enquanto os problemas em vias públicas são responsáveis por 6% das mortes. Os problemas mecânicos dos veículos respondem por 4% das mortes.
A polícia alega que os acidentes ocorrem por abuso dos motoristas e por causa da falta de manutenção dos veículos. "A solução seria a implantação de radares fotográficos na cidade", disse ontem o comandante do pelotão de trânsito de Ribeirão, Wagner Aparecido Baratta.
Por causa dos crimes na cidade, a Polícia Militar recebe hoje 30 novos homens, especificamente para a fiscalização do trânsito. O reforço vai praticamente duplicar o efetivo das ruas, que até ontem era de 36 policiais. Outros 13 veículos -sendo 10 motos- também vão ser usados pela corporação a partir de hoje.
Ontem, o motorista Divino Ventura Lopes -que dirige há 23 anos- ficou preso nas ferragens de seu caminhão ao bater em uma casa, no bairro Campos Elíseos. "Foi milagre eu ter me machucado pouco", disse a vítima.
Mesma sorte não teve o cobrador André Gonçalo, que morreu na semana passada em uma estrada vicinal. "Foi uma morte boba, aliás, como todas no trânsito", disse Valéria, mãe da vítima.



Próximo Texto: Policiamento será duplicado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.