|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARBARA GANCIA
Quantas malas Itamar levou para a Itália?
Não tem choro nem vela:
o apresentador do SBT Gugu Liberato agora pode dizer o
que quiser para justificar a farsa
que promoveu no último domingo, ao exibir uma entrevista com
supostos membros do PCC. No
SBT, no entanto, não é segredo
para ninguém que a entrevista
que deu o que falar nesta semana
passou pelo crivo do próprio Gugu antes de ir ao ar.
Aos sábados, no aconchego do
lar, ele costuma assistir religiosamente a todas as reportagens que
serão mostradas em seu programa no dia seguinte. No caso da
entrevista com os sequestradores
falsos, Gugu sabia dos riscos que
corria e, mesmo assim, resolveu
desafiar o bom senso. O afã lunático pela conquista do primeiro
lugar nas pesquisas de audiência
só pode acabar mesmo nesse tipo
de encrenca.
Responda rápido: se Itamar
Franco embarcou para a Itália levando 60 malas, quantas malas
desembarcaram na embaixada
brasileira na capital, Roma? Leva
um picolé de limão quem respondeu 61 malas.
Não me sai da cabeça a imagem, estampada nas primeiras
páginas dos jornais, de um jovem
fotógrafo voando pelos ares depois de ter sido atingido pelo carro do carioca Gualter Salles, na
prova de Stock Car de domingo
passado, em Campo Grande
(MS). A TV mostrou o desespero
do piloto, chorando amparado
pelos colegas, depois de saber que
o fotógrafo Raphael Lima Pereira, 19, havia morrido.
Espero que Gualter, ótimo piloto e comentarista de primeira,
consiga superar o trauma. Anos
atrás, outro piloto que conheço
muito bem também teve um acidente parecido e nunca mais sentou em um carro de corrida.
Em 1971, em uma 24 Horas de
Interlagos, de noite, sob neblina e
garoa, ele atropelou, na curva do
Pinheirinho, um mecânico que
subitamente atravessou a pista
na sua frente.
Dias depois do acidente, esse piloto foi à casa dos pais do mecânico morto prestar condolências e
oferecer ajuda. Mas o inverso
aconteceu. Foi o pai do rapaz que
acabou consolando o piloto. Entre os pertences do filho, ele havia
encontrado um álbum repleto de
fotos recortadas de revistas com
imagens do mesmo homem a
quem ele agora confortava. "Ele
era seu fã", disse-lhe.
Mesmo tendo ocorrido em um
autódromo, o acidente foi tratado
como um atropelamento de trânsito e resultou em um inquérito. O
piloto, Piero Gancia, meu pai, foi
inocentado, mas nunca mais teve
apetite para competir.
Texto Anterior: Primavera distante: SC tem temperatura negativa e geada Próximo Texto: Qualquer nota Índice
|