São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2005

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DEPOIMENTO

Médicos indicam distribuidoras e comercializam medicamentos

Paciente relata irregularidades

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de quatro FIVs (fertilização in vitro), a assessora de imprensa C., 39, está na 25ª semana de gestação de um casal de gêmeos. Os gastos com tratamentos de reprodução assistida somam R$ 80 mil. "Era a nossa poupança."
Pelo menos R$ 35 mil foram gastos com remédios.
No período de quatro anos, ela passou por três clínicas de fertilização e constatou casos de médicos que vendiam medicamentos e de distribuidoras de remédios que perguntavam o nome do médico prescritor antes de informar o preço.
Nas tentativas, sofreu três episódios de hiperestimulação ovariana. A seguir, o depoimento de C. (CC)

"Comecei a tentar engravidar aos 35 anos. Na época, o médico disse para eu relaxar que a gravidez viria. Apenas no ano seguinte é que pediu um espermograma do meu marido, em que ficou constatado uma baixa qualidade do esperma e uma necessidade de fazer FIV [fertilização in vitro].
Fiz minhas duas primeiras FIVs com um médico que nem sequer pediu exames.
Ele indicou as distribuidoras em que eu deveria comprar os medicamentos (caríssimos).
Quando liguei para lá, perguntaram-me o nome do médico antes de dizer o preço.
Questionei o atendente para saber a razão da pergunta. Ele me disse que o preço varia em razão da comissão que cada médico negocia com o laboratório.
A minha terceira fertilização in vitro, fiz com um médico que comprava os medicamentos diretamente do laboratório e os revendia para o paciente (dizia ele que sem lucro algum).
Curiosamente, fui engravidar na quarta fertilização in vitro, com outro médico (esse, sim, com M maiúsculo), que passou quatro meses me investigando antes de começar o tratamento e não me indicou laboratório algum para comprar o medicamento. Estou esperando gêmeos graças a ele.
Depois que a gente engravida, acaba esquecendo toda a angústia e dinheiro gasto. Mas é injusto. Por conta desses acordos, quem sai prejudicado é o paciente."

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