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DEPOIMENTO
Médicos indicam distribuidoras e comercializam medicamentos
Paciente relata irregularidades
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de quatro FIVs (fertilização in vitro), a assessora de
imprensa C., 39, está na 25ª semana de gestação de um casal
de gêmeos. Os gastos com tratamentos de reprodução assistida
somam R$ 80 mil. "Era a nossa
poupança."
Pelo menos R$ 35 mil foram
gastos com remédios.
No período de quatro anos,
ela passou por três clínicas de
fertilização e constatou casos de
médicos que vendiam medicamentos e de distribuidoras de
remédios que perguntavam o
nome do médico prescritor antes de informar o preço.
Nas tentativas, sofreu três episódios de hiperestimulação ovariana. A seguir, o depoimento
de C. (CC)
"Comecei a tentar engravidar
aos 35 anos. Na época, o médico
disse para eu relaxar que a gravidez viria. Apenas no ano seguinte é que pediu um espermograma do meu marido, em que ficou constatado uma baixa qualidade do esperma e uma necessidade de fazer FIV [fertilização
in vitro].
Fiz minhas duas primeiras
FIVs com um médico que nem
sequer pediu exames.
Ele indicou as distribuidoras
em que eu deveria comprar os
medicamentos (caríssimos).
Quando liguei para lá, perguntaram-me o nome do médico antes de dizer o preço.
Questionei o atendente para
saber a razão da pergunta. Ele
me disse que o preço varia em
razão da comissão que cada médico negocia com o laboratório.
A minha terceira fertilização
in vitro, fiz com um médico que
comprava os medicamentos diretamente do laboratório e os
revendia para o paciente (dizia
ele que sem lucro algum).
Curiosamente, fui engravidar
na quarta fertilização in vitro,
com outro médico (esse, sim,
com M maiúsculo), que passou
quatro meses me investigando
antes de começar o tratamento e
não me indicou laboratório algum para comprar o medicamento. Estou esperando gêmeos graças a ele.
Depois que a gente engravida,
acaba esquecendo toda a angústia e dinheiro gasto. Mas é injusto. Por conta desses acordos,
quem sai prejudicado é o paciente."
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