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30% dos presos são provisórios, diz ministro
Segundo o presidente do STF, Gilmar Mendes, número de detentos sem condenação definitiva cresceu 88% de 2003 a 2007
Em discurso, ele apontou falta de advogados como causa e defendeu que Defensoria Pública coordene profissionais cedidos por entidades
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro
Gilmar Mendes, afirmou ontem que, dos 422.590 presos do
sistema penitenciário brasileiro, 127.562 estão submetidos à
cadeia em caráter provisório,
ou seja, ainda não têm uma
condenação definitiva pela
Justiça. O número representa
30% do total.
Ainda conforme os números
que Mendes apresentou na
abertura do seminário sobre
sistema penitenciário promovido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), entre 2003 e
2007 houve um incremento de
88% no número de presos provisórios, o que seria um indicativo de aumento no tempo de
instrução dos processos.
Em seu discurso, o presidente do STF e do CNJ disse que as
varas de execução acabam sendo discriminadas dentro da administração judiciária, um dos
fatores responsáveis pelo número de 12 mil processos por
juiz em tais foros.
"Todos sabem que os juízes
de execuções penais acabam
sendo heróis nesse contexto
isolado, às vezes esquecidos por
conta de um preconceito, de
um prejuízo das próprias administrações judiciais, que priorizam outras atividades, e não a
execução. O Judiciário precisa
fazer essa crítica."
Atitudes solistas
Para Mendes, o calcanhar-de-aquiles do afogamento do
sistema é a falta de advogados,
fato que não será resolvido somente com o aumento do efetivo de defensores públicos. Para
o ministro, toda a sociedade e
as diferentes instâncias do poder público têm que se envolver
na questão.
Ele defendeu que a Defensoria Pública fosse uma espécie
de coordenadora de equipes de
advogados que poderiam ser
fornecidos por universidades,
ONGs, sindicatos, Ordem dos
Advogados do Brasil, entre outras entidades.
"Não é possível resolver um
problema que se acumulou ao
longo dos anos com atitudes solistas", disse o ministro, na
abertura do seminário que reuniu juízes de todo o país para
discutir alternativas capazes de
resolver os pontos de estrangulamento do sistema penitenciário nacional, desde a superlotação até a falta de controle
sobre quem já cumpriu pena e
continua preso.
"Sempre houve um divórcio
muito grande entre discurso e
realidade. Fala-se muito em
humanização de presídios, mas
as condições sempre foram
muito precárias", afirmou
Mendes.
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