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VIOLÊNCIA 3
Ex-comandante vê boicote
Polícia não ficou parada, diz coronel
da Reportagem Local
O ex-comandante-geral da Polí
cia Militar paulista Claudionor
Lisboa diz que a PM não parou de
trabalhar após Diadema e a pro
posta de reforma da corporação
do governador Mário Covas.
"Diadema afetou a auto-estima
da tropa, mas nunca paramos de
atuar", afirma.
Dois dados comprovariam a
atuação da polícia, segundo Lis
boa: o número de prisões em fla
grante aumentou 77% e a apreen
são de armas subiu 9,6% entre ja
neiro e agosto deste ano em rela
ção ao mesmo período de 1996.
Indicadores de eficiência
Segundo Lisboa, os melhores in
dicadores da qualidade do policia
mento preventivo não são o nú
mero de homicídios, roubos, fur
tos e furto e roubo de veículos.
"Não dá para dizer que a queda de
homicídios decorre de policia
mento", exemplifica.
Prisões em flagrante e apreensão
de armas espelhariam melhor a
qualidade da polícia, diz Lisboa. E,
segundo ele, a Secretaria de Segu
rança boicota a divulgação dos da
dos positivos da PM.
O secretário de Segurança, José
Afonso da Silva, diz que não é ver
dade. "Nunca deixei de mencio
nar esses dados positivos." Ele le
vanta, porém, uma dúvida sobre a
positividade dos números.
"Será que a Polícia Militar está
prendendo muito porque estão
ocorrendo muitos fatos crimino
sos e não está havendo policia
mento preventivo?", pergunta.
A apreensão de armas teria au
mentado em 1997 porque no ano
passado o número havia sido mui
to baixo, diz o secretário.
Meios para melhorar o policia
mento não faltaram, segundo
Afonso da Silva. No governo Co
vas, a PM recebeu 4.260 viaturas,
num investimento de R$ 75,4 mi
lhões. O gasto com equipamentos
deve atingir R$ 14,9 milhões, dos
quais R$ 3,62 milhões já foram
gastos e o restante está em fase de
licitação.
O governo contratou mais 10 mil
policiais, chegando a um contin
gente de 80 mil homens. Em julho
último, os policiais receberam au
mento conforme a posição na hie
rarquia -de 34% (soldados) a
8,5% (tenentes).
Descaso histórico
Esses investimentos podem ser
insuficientes, segundo o ex-co
mandante da polícia. Em 1900, se
gundo ele, a área de segurança pú
blica em São Paulo recebia 25% do
orçamento do Estado. Em 1994,
essa fatia encolheu para 5,3%.
"Será que esse descaso histórico
não teria ocasionado esse aumen
to da criminalidade?", questiona.
Desemprego e falta de investi
mentos na área social também ex
plicariam o salto na violência, afir
ma Lisboa.
O ex-comandante diz que a sua
pregação em quartéis contra a
proposta de Covas não causou a
paralisação da polícia.
O coronel afirma que não houve
deslealdade. "Sempre deixei claro
ao governador que era contra a
proposta."
(MCC)
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