São Paulo, quarta-feira, 12 de outubro de 2005

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ÁGUAS TURVAS

Estudo atribui parte da degradação às barragens de usinas hidrelétricas ao longo da bacia

Paraíba do Sul perde 37,5% de seus peixes

DA SUCURSAL DO RIO

A construção de barragens na bacia do rio Paraíba do Sul reduziu em 37,5% a população de peixes no local -25% das espécies estão em extinção ou já extintas, revela estudo feito da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Rio e do Departamento de Ictiologia do Museu Nacional.
O problema maior ocorre no trecho entre a hidrelétrica do Funil (Itatiaia), da Furnas Centrais Elétricas, e a de Santa Cecília (Barra do Piraí), da Light.
Entre as espécies já extintas ou ameaçadas estão o dourado, a piabanha, a corvina de água doce, piapara e sairu.
Em outros trechos, como entre Santa Cecília e a barragem Ilha dos Pombos e nas usinas de Paraibuna e de Santa Branca, em São Paulo, o número de espécies também está caindo.
O relatório indica que as barragens alteram as características ecológicas da bacia. Impõem um obstáculo que limita a movimentação de espécies nativas migratórias e impede o acesso a áreas fundamentais para o seu ciclo de vida. E há ainda a poluição por esgotos.
Isso leva a um desequilíbrio na estrutura das populações e, a médio prazo, ao desaparecimento de espécies migratórias.
Os pesquisadores responsabilizam as empresas. Para eles, as companhias de energia cometeram erros no tratamento das questões ambientais e fizeram investimentos suficientes (ou nulos) nas áreas afetadas.
No trecho entre Santa Cecília e Funil, as barragens provocam anomalias nos peixes, como deformidades anatômicas, erosão de nadadeiras, lesões e tumores. O segmento contaria com 61 espécies, das quais dez já estariam em extinção ou já extintas e cinco têm queda da população.
Um dos autores do estudo, José Roberto de Souza Araújo, lamentou a degradação. "Não podemos deixar estragar a bacia. É a única que temos no Rio."
A Light disse, por meio de sua assessoria, que não se pronunciará até conhecer a pesquisa.
Já Furnas, mesmo após receber uma cópia do documento, não havia se pronunciado até a conclusão desta edição.


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