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Outro suspeito de furtar BC é assassinado
Mecânico tinha prisão decretada pela Justiça por participação no furto de R$ 164,8 milhões em Fortaleza, em 2005
Para polícia, suspeito foi morto por policiais corruptos ou por integrantes do PCC; nas duas hipóteses, motivo é tentativa de extorsão
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Qual dos dois PCCs matou o
mecânico Evandro José das
Neves, 37, com um tiro na boca,
em um beco da Favela Alba, região do Jabaquara (zona sul de
São Paulo), no último dia 3?
Essa é uma das perguntas
mais feitas atualmente na Corregedoria da Polícia Civil de
São Paulo e também na Superintendência da Polícia Federal
no Estado. O motivo: Neves, conhecido como Botina e simpatizante da facção criminosa
PCC (Primeiro Comando da
Capital), tinha prisão preventiva decretada pela Justiça Federal do Ceará por suspeita de
participar do furto dos R$ 164,8
milhões do Banco Central de
Fortaleza, em agosto de 2005.
Existem duas suspeitas sobre
a motivação do crime. A primeira: Botina foi morto por policiais civis, que tentavam extorquir parte do dinheiro furtado do BC -tese que os investigadores da Corregedoria da Polícia Civil chamam de "ação do
"outro PCC", os policiais civis
corruptos". A segunda hipótese
para o crime: Neves foi morto
por não querer dar aos criminosos do PCC parte do dinheiro
que estaria com ele.
Fê
Em outubro de 2005, o traficante Luiz Fernando Ribeiro, o
Fê, suspeito de financiar o furto
ao BC com R$ 300 mil, foi seqüestrado e morto, mesmo depois de seus familiares terem
pago R$ 2 milhões de resgate. O
ex-escrivão policial Renato
Cristovão, o Franga, e o agente
policial do 43º DP Sérgio Antonio dos Santos foram presos
por participação na morte.
Pouco mais de um mês antes
de ser morto, Botina, tido como
"Robin Hood" pelos moradores
da Favela Alba, teve sua casa
em São Bernardo do Campo
(ABC) invadida por um grupo
de homens no mesmo dia em
que a PF deflagrou a operação
Facção Toupeira, em 11 Estados, e que culminou com a prisão de 26 pessoas em um túnel
escavado para o furto de dois
bancos em Porto Alegre (RS).
Como Botina não estava em
casa, os invasores torturam a
mulher dele na frente dos quatro filhos do casal, ameaçaram-no de morte e, segundo a mulher, levaram cerca de R$ 40
mil e fotografias do foragido.
Para os investigadores da
corregedoria e da PF, o fato de
fotos terem sido levadas reforça a hipótese de que quem estava atrás de Botina não o conhecia pessoalmente e queria saber
qual era a sua aparência atualmente. As polícias também
tentam saber se foram feitas
consultas recentemente no
banco de dados criminal do Estado de São Paulo com o nome
de Evandro Jeremias da Silva
-identidade usada por Botina.
Até agora, os responsáveis
pela investigação dos assassinatos de Botina e Fê identificaram apenas parte dos criminosos: Monstrinho, Lucas e Rosendo. O primeiro seria funcionário de um município da
Grande São Paulo e também
agiria como "ganso" (informante) de policiais civis corruptos da zona sul de São Paulo
e de outros do ABC. Além de serem procurados pela PF e pela
corregedoria da Polícia Civil, os
três são caçados pelo PCC.
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