São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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Outro suspeito de furtar BC é assassinado

Mecânico tinha prisão decretada pela Justiça por participação no furto de R$ 164,8 milhões em Fortaleza, em 2005

Para polícia, suspeito foi morto por policiais corruptos ou por integrantes do PCC; nas duas hipóteses, motivo é tentativa de extorsão

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Qual dos dois PCCs matou o mecânico Evandro José das Neves, 37, com um tiro na boca, em um beco da Favela Alba, região do Jabaquara (zona sul de São Paulo), no último dia 3?
Essa é uma das perguntas mais feitas atualmente na Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e também na Superintendência da Polícia Federal no Estado. O motivo: Neves, conhecido como Botina e simpatizante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), tinha prisão preventiva decretada pela Justiça Federal do Ceará por suspeita de participar do furto dos R$ 164,8 milhões do Banco Central de Fortaleza, em agosto de 2005.
Existem duas suspeitas sobre a motivação do crime. A primeira: Botina foi morto por policiais civis, que tentavam extorquir parte do dinheiro furtado do BC -tese que os investigadores da Corregedoria da Polícia Civil chamam de "ação do "outro PCC", os policiais civis corruptos". A segunda hipótese para o crime: Neves foi morto por não querer dar aos criminosos do PCC parte do dinheiro que estaria com ele.


Em outubro de 2005, o traficante Luiz Fernando Ribeiro, o Fê, suspeito de financiar o furto ao BC com R$ 300 mil, foi seqüestrado e morto, mesmo depois de seus familiares terem pago R$ 2 milhões de resgate. O ex-escrivão policial Renato Cristovão, o Franga, e o agente policial do 43º DP Sérgio Antonio dos Santos foram presos por participação na morte.
Pouco mais de um mês antes de ser morto, Botina, tido como "Robin Hood" pelos moradores da Favela Alba, teve sua casa em São Bernardo do Campo (ABC) invadida por um grupo de homens no mesmo dia em que a PF deflagrou a operação Facção Toupeira, em 11 Estados, e que culminou com a prisão de 26 pessoas em um túnel escavado para o furto de dois bancos em Porto Alegre (RS).
Como Botina não estava em casa, os invasores torturam a mulher dele na frente dos quatro filhos do casal, ameaçaram-no de morte e, segundo a mulher, levaram cerca de R$ 40 mil e fotografias do foragido.
Para os investigadores da corregedoria e da PF, o fato de fotos terem sido levadas reforça a hipótese de que quem estava atrás de Botina não o conhecia pessoalmente e queria saber qual era a sua aparência atualmente. As polícias também tentam saber se foram feitas consultas recentemente no banco de dados criminal do Estado de São Paulo com o nome de Evandro Jeremias da Silva -identidade usada por Botina.
Até agora, os responsáveis pela investigação dos assassinatos de Botina e Fê identificaram apenas parte dos criminosos: Monstrinho, Lucas e Rosendo. O primeiro seria funcionário de um município da Grande São Paulo e também agiria como "ganso" (informante) de policiais civis corruptos da zona sul de São Paulo e de outros do ABC. Além de serem procurados pela PF e pela corregedoria da Polícia Civil, os três são caçados pelo PCC.


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