São Paulo, segunda-feira, 12 de outubro de 2009

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Banir fumo reduz internação por infarto, aponta estudo

Queda de 17% é atingida após um ano em vigor de leis restritivas como a de SP

Levantamento feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia usou resultado de estudos feitos em cinco países

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O banimento do fumo em ambientes fechados reduz o número de internamentos por infarto em até 17% no período de um ano após a criação da lei.
A conclusão é de um levantamento feito na Universidade da Califórnia, na qual dois pesquisadores, James Lightwood e Stanton Glantz, revisaram 13 estudos feitos em cidades dos EUA, do Canadá e da Europa, num total de cinco países.
As restrições ao fumo alvos do levantamento são similares à adotada pelo Estado de São Paulo há cerca de dois meses.
A revisão saiu neste mês na revista científica "Circulation", publicada pela Associação Americana de Cardiologia.
Três anos depois da adoção de uma lei que veta o fumo em ambientes fechados, as internações por ataques do coração sofrem uma queda de 36%, de acordo com a pesquisa.
Revisão de estudos é quando o pesquisador cria um método a fim de comparar pesquisas de diferentes instituições, feitas com metodologias distintas.
Os estudos comparados são de lugares tão díspares quanto Nova York e o Piemonte, na Itália, ou Pueblo, no Colorado.
"Esse estudo acrescenta ao que já se sabia evidências fortes de que o fumo passivo causa ataques do coração e aprovar leis com ambientes 100% livres de fumo é algo que podemos fazer para proteger o público", diz Lightwood, professor de medicina na Universidade da Califórnia em San Francisco.
Estudos isolados apontavam tendências díspares para o banimento do fumo -ora havia queda acentuada de mortes, ora havia uma redução desprezível, que tendia a zero. O levantamento da Universidade da Califórnia é o primeiro a apontar uma tendência consistente de queda dos casos de ataque do coração.

Menos mortes
A cardiologista Jaqueline Scholz Issa, diretora do programa de tratamento de tabagismo do Incor do Hospital das Clínicas, diz que há dois movimentos quando se veta o fumo em ambientes fechados: os não fumantes deixam de respirar fumaça e os fumantes diminuem o consumo. A redução dos ataques do coração está ligada ao que ela classifica como "uma redução brutal" de monóxido de carbonos em bares, restaurantes e locais de trabalho. Sem o veto ao fumo, um ambiente pode ter 17 partes por milhão de monóxido de carbono. Com a proibição, cai para três ou quatro partes.
O monóxido de carbono afeta a função endotelial, que serve para preservar a saúde dos vasos que irrigam o coração. Quem fica meia hora ao lado de um fumante precisa de 12 horas para restaurar a função, segundo Issa. Para a cardiologista, a criação de ambientes livres de fumo reduz as mortes em índices que variam de 10% a 30%.
O infarto agudo do miocárdio é a principal causa de morte no Estado de São Paulo, segundo a Secretaria da Saúde do Estado. Em 2007, o último dado disponível, 18.512 morreram por essa causa, de acordo com o órgão.
Se os índices americanos fossem válidos para São Paulo, isso significa que o número de mortes por essa causa pode cair 3.147 entre agosto deste ano, quando a lei passou a vigorar, e agosto de 2010. Em três anos, a queda de mortalidade pode chegar a 5.554.


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