|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Banir fumo reduz internação por infarto, aponta estudo
Queda de 17% é atingida após um ano em vigor de leis restritivas como a de SP
Levantamento feito
por pesquisadores da Universidade da Califórnia usou resultado de estudos feitos em cinco países
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O banimento do fumo em
ambientes fechados reduz o
número de internamentos por
infarto em até 17% no período
de um ano após a criação da lei.
A conclusão é de um levantamento feito na Universidade da
Califórnia, na qual dois pesquisadores, James Lightwood e
Stanton Glantz, revisaram 13
estudos feitos em cidades dos
EUA, do Canadá e da Europa,
num total de cinco países.
As restrições ao fumo alvos
do levantamento são similares
à adotada pelo Estado de São
Paulo há cerca de dois meses.
A revisão saiu neste mês na
revista científica "Circulation",
publicada pela Associação
Americana de Cardiologia.
Três anos depois da adoção
de uma lei que veta o fumo em
ambientes fechados, as internações por ataques do coração
sofrem uma queda de 36%, de
acordo com a pesquisa.
Revisão de estudos é quando
o pesquisador cria um método
a fim de comparar pesquisas de
diferentes instituições, feitas
com metodologias distintas.
Os estudos comparados são
de lugares tão díspares quanto
Nova York e o Piemonte, na
Itália, ou Pueblo, no Colorado.
"Esse estudo acrescenta ao
que já se sabia evidências fortes
de que o fumo passivo causa
ataques do coração e aprovar
leis com ambientes 100% livres
de fumo é algo que podemos fazer para proteger o público",
diz Lightwood, professor de
medicina na Universidade da
Califórnia em San Francisco.
Estudos isolados apontavam
tendências díspares para o banimento do fumo -ora havia
queda acentuada de mortes,
ora havia uma redução desprezível, que tendia a zero. O levantamento da Universidade
da Califórnia é o primeiro a
apontar uma tendência consistente de queda dos casos de ataque do coração.
Menos mortes
A cardiologista Jaqueline
Scholz Issa, diretora do programa de tratamento de tabagismo do Incor do Hospital das
Clínicas, diz que há dois movimentos quando se veta o fumo
em ambientes fechados: os não
fumantes deixam de respirar
fumaça e os fumantes diminuem o consumo. A redução
dos ataques do coração está ligada ao que ela classifica como
"uma redução brutal" de monóxido de carbonos em bares,
restaurantes e locais de trabalho. Sem o veto ao fumo, um
ambiente pode ter 17 partes por
milhão de monóxido de carbono. Com a proibição, cai para
três ou quatro partes.
O monóxido de carbono afeta
a função endotelial, que serve
para preservar a saúde dos vasos que irrigam o coração.
Quem fica meia hora ao lado de
um fumante precisa de 12 horas
para restaurar a função, segundo Issa. Para a cardiologista, a
criação de ambientes livres de
fumo reduz as mortes em índices que variam de 10% a 30%.
O infarto agudo do miocárdio
é a principal causa de morte no
Estado de São Paulo, segundo a
Secretaria da Saúde do Estado.
Em 2007, o último dado disponível, 18.512 morreram por essa
causa, de acordo com o órgão.
Se os índices americanos fossem válidos para São Paulo, isso significa que o número de
mortes por essa causa pode cair
3.147 entre agosto deste ano,
quando a lei passou a vigorar, e
agosto de 2010. Em três anos, a
queda de mortalidade pode
chegar a 5.554.
Texto Anterior: Acidente no Rio mata 5; em SP, grupo é atropelado em calçada Próximo Texto: Rio: Oscar Niemeyer deixa UTI, mas segue internado Índice
|