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SAÚDE
Criocirurgia destrói células cancerígenas por congelamento; método reduz internação e recuperação
Câncer de próstata ganha nova cirurgia
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
Chegou ao Brasil um método cirúrgico menos invasivo que a cirurgia tradicional para pacientes
com idade avançada que têm câncer na próstata. Trata-se da criocirurgia, que destrói os tecidos da
glândula por meio de um processo de congelamento.
O método começou a ser realizado na semana passada pelo
Hospital das Clínicas de São Paulo, que criou o primeiro Centro de
Crioterapia da América do Sul.
Cinco pacientes foram submetidos à cirurgia com sucesso.
Mas os médicos alertam: a crioterapia não deve ser considerada
substituta da cirurgia tradicional.
Apesar de já ter sido aprovada
pela FDA (agência reguladora
norte-americana) e de já ter sido
usada em milhares de pacientes
nos Estados Unidos nos últimos
sete anos, ainda não se conhecem
seus efeitos a longo prazo.
No HC, a cirurgia será feita inicialmente em pacientes que sofrem de hipertensão, diabetes,
problemas cardíacos, pacientes
com idade avançada e outros que
não têm condições clínicas de se
submeter à cirurgia convencional,
que é mais invasiva. Ela será oferecida a pacientes do SUS, a conveniados e a particulares.
Uma das vantagens do método
é o menor tempo de internação
-o paciente vai para casa após 24
horas, contra três ou quatro dias
na cirurgia tradicional. O pós-operatório é indolor, e o tempo de
recuperação é de até uma semana.
O paciente mantém uma sonda
para drenagem da urina durante
30 dias.
Por outro lado, mais de 80% dos
pacientes tornam-se impotentes
após a criocirurgia, contra 50%
após a cirurgia tradicional.
De acordo com o urologista Sami Arap, professor titular da Faculdade de Medicina da USP, pesquisas apontam que entre 75% e
80% dos pacientes norte-americanos que fizeram a criocirurgia
tiveram biopsia negativa após a
cirurgia. "O método é eficaz, mas
deve ser feito com moderação até
que tenhamos estudado seus efeitos a longo prazo", diz.
A crioterapia já foi usada no
Brasil há cerca de dez anos, mas o
procedimento era mais arriscado
porque não havia mecanismos de
controle como os usados hoje.
São introduzidas na próstata
seis agulhas com argônio em forma líquida. A próstata inteira é
congelada, atingindo, no mínimo,
40C negativos. Os tecidos morrem, e o que restou da glândula é
absorvido pelo organismo.
Todo o procedimento, que dura
cerca de duas horas e meia, é monitorado por imagens de um ultra-som introduzido no ânus. São
usados sensores para evitar o congelamento do reto e da bexiga.
Para o urologista Miguel Srougi,
professor titular de urologia da
Universidade Federal de São Paulo, o método ainda deve ser encarado como experimental. Segundo ele, pesquisas norte-americanas recentes mostraram que 35%
dos pacientes que se submeteram
à crioterapia estavam satisfeitos
com os resultados, contra 70%
dos que fizeram cirurgia convencional. "O alto índice de impotência e de biopsia positiva após cirurgia foram os principais fatores
apontados pelos que se disseram
insatisfeitos com o método."
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