São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2004

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AGENDA DA TRANSIÇÃO

Lei de Responsabilidade Fiscal permite revisão de exigências em caso de instabilidade cambial ou inflação alta

União estuda brecha para aliviar dívida de SP

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal entende que é inviável para a Prefeitura de São Paulo pagar os R$ 7 bilhões da dívida da cidade com a União que vencem em abril do ano que vem. O governo estuda uma saída, mas que respeite a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
A possibilidade mais provável até agora é postergar o pagamento de parcela, o que poderia ser feito dentro das próprias regras da LRF, segundo a Folha apurou.
De acordo com um integrante do governo, a LRF prevê que, em situações com forte variação cambial ou alta demasiada da inflação, o pagamento de parcelas da dívida pode ser adiado. No caso, a justificativa seria que a dívida da prefeitura estaria sobre o efeito da forte inflação verificada do final de 2002 e começo do ano passado.
Tal revisão poderia ser proposta ao Congresso pelo presidente da República.
O governo já estudava essa hipótese antes das eleições municipais. Mesmo com a derrota de Marta Suplicy (PT) para o tucano José Serra, o governo não quer deixar de ajudar a prefeitura por avaliar que é insustentável o pagamento da dívida.
Anteontem, Marta esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir que fosse postergado em um ano o pagamento dos R$ 7 bilhões. Para Marta, boa parte do aumento da dívida durante sua gestão aconteceu devido ao índice de correção previsto no contrato: o IGP-DI, que acumulou uma alta maior devido à variação cambial, principalmente em 2002. O IGP-DI registrou alta de 82,56% entre janeiro de 2000 e outubro deste ano. No mesmo período, o IPCA (índice usado para verificar o cumprimento da metas de inflação do governo) subiu bem menos: 48,70%.
A dívida da cidade e o enquadramento nas regras da LRF em maio de 2005 são os principais fatores de preocupação da equipe de Serra.
Marta, ao deixar o Palácio do Planalto, disse que "seria injusto para o prefeito eleito José Serra ter de dar uma resposta a isso após pouquíssimos meses no governo". A dívida da cidade está em R$ 29,5 bilhões -o que representa 233,5% da receita corrente líquida do município.
De acordo com resolução do Senado, os municípios cuja relação dívida/receita corrente líquida não esteja em 120% têm 15 anos para se enquadrar ao limite. A regra começará a valer em maio de 2005 e, para cumprir a exigência, São Paulo vai ter que, de imediato, diminuir a dívida em R$ 7 bilhões.


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