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AGENDA DA TRANSIÇÃO
Lei de Responsabilidade Fiscal permite revisão de exigências em caso de instabilidade cambial ou inflação alta
União estuda brecha para aliviar dívida de SP
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal entende que é
inviável para a Prefeitura de São
Paulo pagar os R$ 7 bilhões da dívida da cidade com a União que
vencem em abril do ano que vem.
O governo estuda uma saída, mas
que respeite a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
A possibilidade mais provável
até agora é postergar o pagamento de parcela, o que poderia ser
feito dentro das próprias regras
da LRF, segundo a Folha apurou.
De acordo com um integrante
do governo, a LRF prevê que, em
situações com forte variação cambial ou alta demasiada da inflação,
o pagamento de parcelas da dívida pode ser adiado. No caso, a justificativa seria que a dívida da prefeitura estaria sobre o efeito da
forte inflação verificada do final
de 2002 e começo do ano passado.
Tal revisão poderia ser proposta
ao Congresso pelo presidente da
República.
O governo já estudava essa hipótese antes das eleições municipais. Mesmo com a derrota de
Marta Suplicy (PT) para o tucano
José Serra, o governo não quer
deixar de ajudar a prefeitura por
avaliar que é insustentável o pagamento da dívida.
Anteontem, Marta esteve com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir que fosse postergado em um ano o pagamento dos
R$ 7 bilhões. Para Marta, boa parte do aumento da dívida durante
sua gestão aconteceu devido ao
índice de correção previsto no
contrato: o IGP-DI, que acumulou uma alta maior devido à variação cambial, principalmente em
2002. O IGP-DI registrou alta de
82,56% entre janeiro de 2000 e outubro deste ano. No mesmo período, o IPCA (índice usado para
verificar o cumprimento da metas
de inflação do governo) subiu
bem menos: 48,70%.
A dívida da cidade e o enquadramento nas regras da LRF em
maio de 2005 são os principais fatores de preocupação da equipe
de Serra.
Marta, ao deixar o Palácio do
Planalto, disse que "seria injusto
para o prefeito eleito José Serra ter
de dar uma resposta a isso após
pouquíssimos meses no governo". A dívida da cidade está em
R$ 29,5 bilhões -o que representa 233,5% da receita corrente líquida do município.
De acordo com resolução do Senado, os municípios cuja relação
dívida/receita corrente líquida
não esteja em 120% têm 15 anos
para se enquadrar ao limite. A regra começará a valer em maio de
2005 e, para cumprir a exigência,
São Paulo vai ter que, de imediato,
diminuir a dívida em R$ 7 bilhões.
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