|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Transição deixa tucano insatisfeito
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito eleito de São Paulo,
José Serra (PSDB), voltou da Argentina nada satisfeito com o ritmo da transição. Ontem, Serra recusou-se a comentar as queixas
de sua equipe sobre dificuldades
para obtenção de dados da prefeitura. "Não vou comentar. Tenho
que montar minha equipe", esquivou-se. Mas, nas conversas entre tucanos, as expressões usadas
para classificar o processo de
transmissão de cargo são "encenação" e "teatro".
No quesito cena, os tucanos
também encaixam o pedido da
prefeita, Marta Suplicy (PT), para
que o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva adie o prazo para enquadramento dos municípios à Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) e
abatimento da dívida. Para aliados de Serra, Marta posa de magnânima, mas a situação foi ela
quem fomentou.
O deputado Alberto Goldman
foi escalado porta-voz do PSDB.
Segundo ele, Marta ajudará se pagar, até dia 31 de dezembro, pelos
serviços prestados ao governo.
Quanto à dívida, chamou de ridícula a proposta de prorrogar por
um ano o prazo para abatimento
de R$ 7 bilhões. "Ela sabe que
uma prefeitura que arrecada R$
14 bilhões em um ano não pode
reservar R$ 7 bilhões para dívida", argumentou.
E, por fim, reproduziu a crítica
do tucanato: "Ela fez um gesto
teatral. Nada mais que isso". Por
isso, os tucanos duvidam que Serra procure Marta para uma reunião nos próximos dias.
Escalado por Marta para a transição, o secretário de Transportes,
Jilmar Tatto, reage, chamando de
bobagens as críticas do PSDB. Ele
alega que a prefeitura vai disponibilizar todos os dados, mas que
não podem ser fornecidos imediatamente depois do pedido. "Se
eles estivessem com tanta pressa,
não estariam viajando", ironiza.
E esse é o clima de transição. Os
petistas acusam os tucanos de
buscar uma blindagem, uma desculpa para um eventual fracasso
da administração Serra.
Os petistas afirmam que os tucanos se queixam da falta de espaço para trabalhar sem nunca ter
feito qualquer pedido à prefeitura. O discurso petista é o mesmo
na Câmara Municipal.
Na polêmica discussão do Orçamento, os petistas têm dito que
não vão defender, por exemplo,
margem de remanejamento muito pequena, de 1%, o que engessaria o primeiro ano do PSDB. O
Orçamento, argumentam, será o
definido por Serra. Assim, planejam debitar a conta de futuros
problemas já na gestão tucana.
Hoje, essa briga terá mais um
round. Considerando insatisfatório o teor dos relatórios sobre pessoal, a equipe de Serra prepara
nova bateria de perguntas, sobre
economia, estoque de medicamentos, material escolar, bombas
hidráulicas nos túneis e fluxo de
pagamento.
A justificativa dos tucanos estaria nos 29 com organogramas da
prefeitura. O da CET apresenta,
segundo um integrante da equipe
de Serra, apenas siglas, como
"DECJD", para todos os cargos
abaixo da superintendência.
A do Anhembi, contam, só revela o prenome dos seus ocupantes. Exemplo: "coordenadoria de
pós-venda -Raquel".
O da Emurb mostraria apenas o
organograma, sem titulares nem
atribuições.
Na Secretaria de Abastecimento, haveria programas que estão a
cargo de outras secretarias, como
o Departamento de Divisão Técnica de Silêncio Urbano (Psiu) e
Departamento de Inspeção Municipal de Alimentos.
(CATIA SEABRA E PEDRO DIAS LEITE)
Texto Anterior: De volta às ruas: Após reclusão, Serra e Marta voltam a fazer aparição pública Próximo Texto: Bancada do PSDB falta a discussão sobre Orçamento Índice
|