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Waldemar Chodren, um "manezinho"
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Waldemar Chodren percorria os corredores do Palácio do Governo, em Florianópolis, com a altivez de
quem conviveu intimamente, por mais de três décadas,
com secretários e governadores de Santa Catarina.
Em casa, nos grandes almoços de domingo com a família reunida, o peixe imperava no cardápio e os políticos dominavam o assunto
-ele se referia a eles pelo primeiro nome. "O Esperidião
me falou isso, veja só", e assim por diante.
Chodren era um "manezinho" de carteirinha, orgulhoso de ter nascido na Ilha
de Santa Catarina no início
no século passado, quando
ainda se ia de barca para o
continente -a ponte seria
construída anos depois, sob
seu olhar atento.
Orgulhava-se de ser o morador mais antigo do bairro
José Mendes, encravado nas
encostas da região central da
ilha e em cujas praias praticava o remo -era do Clube
Aldo Luz quando o esporte
tinha glamour na cidade.
Aposentado, passava tardes caminhando pelas ruelas
do centro antigo, entre idas
ao Mercado Público -onde
escolhia o melhor peixe para
o melhor prato- e conversas
fiadas na Praça 15 -em que
contava causos políticos.
Fumante inveterado por
décadas, ele só largou o cigarro ao descobrir a doença.
Deixou cinco filhos, 12 netos
e oito bisnetos ao morrer na
segunda, de enfisema pulmonar no hospital, em Florianópolis. Tinha 96 anos o
porteiro do Palácio.
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