São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2007

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Waldemar Chodren, um "manezinho"

WILLIAN VIEIRA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Waldemar Chodren percorria os corredores do Palácio do Governo, em Florianópolis, com a altivez de quem conviveu intimamente, por mais de três décadas, com secretários e governadores de Santa Catarina.
Em casa, nos grandes almoços de domingo com a família reunida, o peixe imperava no cardápio e os políticos dominavam o assunto -ele se referia a eles pelo primeiro nome. "O Esperidião me falou isso, veja só", e assim por diante.
Chodren era um "manezinho" de carteirinha, orgulhoso de ter nascido na Ilha de Santa Catarina no início no século passado, quando ainda se ia de barca para o continente -a ponte seria construída anos depois, sob seu olhar atento.
Orgulhava-se de ser o morador mais antigo do bairro José Mendes, encravado nas encostas da região central da ilha e em cujas praias praticava o remo -era do Clube Aldo Luz quando o esporte tinha glamour na cidade.
Aposentado, passava tardes caminhando pelas ruelas do centro antigo, entre idas ao Mercado Público -onde escolhia o melhor peixe para o melhor prato- e conversas fiadas na Praça 15 -em que contava causos políticos.
Fumante inveterado por décadas, ele só largou o cigarro ao descobrir a doença. Deixou cinco filhos, 12 netos e oito bisnetos ao morrer na segunda, de enfisema pulmonar no hospital, em Florianópolis. Tinha 96 anos o porteiro do Palácio.

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