São Paulo, quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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É preciso gerir rede com mais inteligência, diz especialista

Pesquisador diz que sistema deveria ter mecanismos para não propagar falha

"Não dá para aceitar São Paulo ficar apagada por tanto tempo; temos que pensar em como dar maior segurança ao sistema"

DA SUCURSAL DO RIO

Para o diretor da Coppe/ UFRJ e ex-presidente da Eletrobrás entre 2003 e 2004, Luiz Pinguelli Rosa, o governo tem de estudar formas de garantir maior proteção ao sistema elétrico. Ele diz que é preciso gerir a rede com maior inteligência e automação. "Não é simples, mas não dá para botar a culpa na mudança climática." (SAMANTHA LIMA)

 

FOLHA - O senhor acha que o apagão da última terça era evitável?
LUIZ PINGUELLI ROSA -
O sistema deveria possuir mecanismos de isolamento para não propagar problemas como esse, protegendo as grandes cidades. Não dá para aceitar São Paulo ficar apagada por tanto tempo. Temos que pensar em como dar maior segurança ao sistema.

FOLHA - Dado que nosso sistema elétrico é todo interligado, é possível tecnicamente fazê-lo?
PINGUELLI -
É uma questão de inteligência, de melhorar a automação do sistema. As redes inteligentes estão sendo muito discutidas nos EUA, onde ocorreram muitos apagões nos últimos seis anos, e um deles deixou a população de Nova York às escuras e histérica. Lá é mais fácil, porque não tem hidrelétricas tão grandes. Mas nosso papel é cobrar pela melhoria do sistema. É difícil, não é simples.

FOLHA - O senhor acha que demorou demais para restabelecer a energia nas regiões afetadas?
PINGUELLI -
Uma vez derrubado, não é possível ligá-lo todo de uma vez. É preciso de um tempo para que se retome com calma, sem danos. Além disso, ligar uma usina térmica para substituir a energia que deixou de vir de Itaipu é complicado porque isso requer tempo, não se liga de uma hora para outra.

FOLHA - O senhor vê alguma falha no modelo regulatório do setor elétrico que contribua para a vulnerabilidade do sistema?
PINGUELLI -
Não gosto desse modelo, é muito complicado. Falando especificamente do sistema de transmissão, acho errado que uma linha que cruze diversos Estados seja fatiada em dois, três pedaços e dados para que a iniciativa privada administre cada um deles. Isso é resultado da febre neoliberal de dividir as coisas para dar para as empresas administrarem. Esse nem foi o caso da linha de ontem, já que ela é totalmente gerenciada por Furnas. Mas é um ponto vulnerável do sistema que precisava ser revisto.


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