São Paulo, quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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Maternidade sem gerador tira bebês da UTI no escuro

Havia seis crianças ontem no local; a bateria dos aparelhos conectados à energia elétrica duraria apenas três horas mais

Cinco bebês foram levados para outro hospital; gerador emprestado salvou outro que tem doença renal e não pode ser removido

LUIZA BANDEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Havia seis bebês na UTI e restavam três horas de bateria para os aparelhos conectados a eles quando as luzes da maternidade Santa Isabel, em Bauru (345 km de São Paulo), se apagaram. A situação se repetiu em outros hospitais do país, mas o episódio tinha um agravante: a maternidade não tem gerador.
Após ouvir da CPFL que não havia previsão para a volta da energia, o hospital decidiu remover os bebês.
"As informações eram desencontradas e não poderíamos deixar os bebês aqui", disse o diretor clínico, Sérgio Henrique Antônio.
Cinco crianças -uma de um ano, outra de dois e três recém-nascidas- foram para o Hospital de Base, na mesma cidade. Para um bebê de 20 dias, a solução foi emprestar o gerador de uma emissora de TV.
"Ele tem doença renal aguda grave, por isso preferimos mantê-lo", disse Antônio.
De acordo com ele, as crianças precisavam de respiradores e monitores cardíacos. Os pais foram avisados após a remoção. Os bebês do berçário não foram removidos porque havia luzes de emergência.
Durante o período que durou o apagão, não havia nenhuma mulher em trabalho de parto na maternidade.
"A maternidade existe há 30 anos e nunca teve gerador. Eu estou aqui há três e já pedi várias vezes. Mas eles [da Associação Hospitalar de Bauru, que dirige a maternidade] dizem que não há estrutura", afirmou Antônio.
A reportagem não conseguiu falar com nenhum dos diretores da entidade.
Os bebês passam bem, mas não retornaram para a maternidade porque a diretoria teme um novo apagão. O gerador emprestado continua no local.

Mortes no Rio
O Sindicato dos Médicos do Rio afirmou que vai pedir ao Ministério Público Estadual que investigue as mortes ocorridas nos hospitais do Estado durante o apagão.
Segundo o presidente da entidade, Jorge Darze, que diz ter conversado com profissionais do hospital estadual Carlos Chagas, na zona norte, há "fortes suspeitas" de que três mortes na unidade tenham sido causadas pela falta de energia.
A Secretaria Estadual de Saúde confirmou que uma pane no gerador de energia deixou o hospital sem luz nas primeiras horas do apagão. O órgão negou, porém, que o problema tenha prejudicado o tratamento.
"As mortes não tiveram relação com o apagão, uma vez que os pacientes estavam com o quadro de saúde bastante agravado, em razão da gravidade de suas patologias associada à sua idade", informou.
Os mortos tinham 73, 77 e 84 anos e sofriam, entre outros, de problemas pulmonares.


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