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Maternidade sem gerador tira bebês da UTI no escuro
Havia seis crianças ontem no local; a bateria dos aparelhos
conectados à energia elétrica duraria apenas três horas mais
Cinco bebês foram levados
para outro hospital; gerador
emprestado salvou outro
que tem doença renal
e não pode ser removido
LUIZA BANDEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
Havia seis bebês na UTI e
restavam três horas de bateria
para os aparelhos conectados a
eles quando as luzes da maternidade Santa Isabel, em Bauru
(345 km de São Paulo), se apagaram. A situação se repetiu em
outros hospitais do país, mas o
episódio tinha um agravante: a
maternidade não tem gerador.
Após ouvir da CPFL que não
havia previsão para a volta da
energia, o hospital decidiu remover os bebês.
"As informações eram desencontradas e não poderíamos deixar os bebês aqui", disse o diretor clínico, Sérgio Henrique Antônio.
Cinco crianças -uma de um
ano, outra de dois e três recém-nascidas- foram para o Hospital de Base, na mesma cidade.
Para um bebê de 20 dias, a solução foi emprestar o gerador de
uma emissora de TV.
"Ele tem doença renal aguda
grave, por isso preferimos
mantê-lo", disse Antônio.
De acordo com ele, as crianças precisavam de respiradores
e monitores cardíacos. Os pais
foram avisados após a remoção.
Os bebês do berçário não foram
removidos porque havia luzes
de emergência.
Durante o período que durou
o apagão, não havia nenhuma
mulher em trabalho de parto
na maternidade.
"A maternidade existe há 30
anos e nunca teve gerador. Eu
estou aqui há três e já pedi várias vezes. Mas eles [da Associação Hospitalar de Bauru,
que dirige a maternidade] dizem que não há estrutura", afirmou Antônio.
A reportagem não conseguiu
falar com nenhum dos diretores da entidade.
Os bebês passam bem, mas
não retornaram para a maternidade porque a diretoria teme
um novo apagão. O gerador
emprestado continua no local.
Mortes no Rio
O Sindicato dos Médicos do
Rio afirmou que vai pedir ao
Ministério Público Estadual
que investigue as mortes ocorridas nos hospitais do Estado
durante o apagão.
Segundo o presidente da entidade, Jorge Darze, que diz ter
conversado com profissionais
do hospital estadual Carlos
Chagas, na zona norte, há "fortes suspeitas" de que três mortes na unidade tenham sido
causadas pela falta de energia.
A Secretaria Estadual de Saúde confirmou que uma pane no
gerador de energia deixou o
hospital sem luz nas primeiras
horas do apagão. O órgão negou, porém, que o problema tenha prejudicado o tratamento.
"As mortes não tiveram relação com o apagão, uma vez que
os pacientes estavam com o
quadro de saúde bastante agravado, em razão da gravidade de
suas patologias associada à sua
idade", informou.
Os mortos tinham 73, 77 e 84
anos e sofriam, entre outros, de
problemas pulmonares.
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