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Serra faz críticas ao apagão;
Dilma se cala
Para governador, blecaute revela a vulnerabilidade do sistema no país; ministra cancela compromisso e evita imprensa
Parlamentares de oposição dizem no Congresso que falha é resultado da gestão
de Dilma Rousseff no Ministério de Minas e Energia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pré-candidata à Presidência
em 2010, a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), que chefiou por dois anos e meio o Ministério das Minas e Energia,
cancelou compromisso ontem,
não participou de reunião do
governo para discutir o blecaute e não comentou o episódio.
Dilma tinha encontro com o
governador de Santa Catarina,
Luiz Henrique da Silveira, na
sede provisória da Presidência,
no Centro Cultural Banco do
Brasil, mas desmarcou. Também não foi ao Itamaraty receber o presidente de Israel, Shimon Peres, como era esperado.
Ontem, às 19h40, quando
deixava o CCBB antes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
o que raramente faz, foi questionada sobre o apagão. Acenou
aos jornalistas e disse: "Um beijo para vocês". A Folha enviou
a sua assessoria um e-mail com
perguntas sobre o blecaute,
mas não obteve resposta.
Há duas semanas, em entrevista ao programa "Bom Dia,
Ministro", da Radiobrás, Dilma
disse que o Brasil estava a salvo
de novo apagão elétrico. "Nós
também temos uma outra certeza: que não vai ter apagão."
Críticas
Já seu adversário na corrida
presidencial, o governador José Serra (PSDB) foi a um evento
oficial ontem sobre apoio ao esporte e criticou a falta de investimentos no setor elétrico e o
desencontro de versões oficiais
sobre o apagão. Rejeitando sugestão de aliados para que batizasse o blecaute de "apagão da
Dilma", nem citou a petista.
Para Serra, a crise revela a
vulnerabilidade do sistema.
"Não sei qual é a profundidade
disso. Mas é indiscutível que o
sistema se mostrou vulnerável.
Paralisar todas as turbinas de
Itaipu é um fato inédito", disse.
Também pré-candidata à
Presidência, a senadora Marina
Silva (PV) cobrou rapidez na
apuração da causa do apagão.
Para ela, o governo precisa
fazer estudos técnicos para investir em medidas preventivas.
"Tem custo, mas o que o episódio ensina é que, às vezes, o custo de não fazer pode ser maior.
Além de prejuízos econômicos,
um caso como esse traz danos
sociais e morais."
"Pá de cal"
O apagão foi usado ontem pela oposição a Lula no Congresso. DEM, PSDB e PPS disseram
que o episódio mostra que Dilma não é "tão boa técnica quanto o PT tentou mostrar" e fracassou na política energética.
Para o líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), o apagão é "uma pá de cal na candidatura da ministra". "Tudo isso
serviu para comprovar que ela,
além de não ter carisma, é incompetente no setor", disse.
O líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP), rebateu.
"Tivemos uma queda de energia de menos de quatro horas,
que foi equacionada e resolvida. Foi uma marolinha e não
atrapalha em nada a candidatura da ministra", disse, lembrando do apagão que ocorreu em
2001, quando o tucano Fernando Henrique Cardoso era presidente. "Na época deles foi um
ano de apagão. No nosso governo, três horas e sem nenhuma
consequência grave para a economia do Brasil."
A oposição também foi ao
ataque em várias comissões do
Congresso. Dois requerimentos convidando o ministro Edison Lobão (Minas e Energia)
foram aprovados na Câmara.
Em outro requerimento, Caiado pede informações sobre prejuízos com o apagão, as medidas a serem tomadas e o total
de investimentos no setor desde 2003, quando Lula assumiu.
Já a oposição no Senado tenta aprovar requerimento para
convocar o ministro Edison Lobão e Dilma. "O governo se perde em explicações que não convencem", disse o líder do PSDB,
Arthur Virgílio (AM), autor da
proposta. O líder do PT, Aloizio
Mercadante (SP), ironizou: "A
comemoração da oposição vai
durar menos que o apagão."
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