São Paulo, quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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Angra 1 e 2 ficam em alerta
pela 1ª vez

Por precaução, direção adotou medida, pois não havia previsão para volta de energia para refrigeração de reatores

Se refrigeração falhasse, consequências poderiam ser graves; com blecaute, usinas foram desligadas automaticamente

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Pela primeira vez desde que foram inauguradas, as usinas nucleares de Angra 1 e 2 estiveram sob estado de alerta. O blecaute do sistema elétrico causou o desligamento automático das usinas, em Angra dos Reis, no litoral sul, a 150 km do Rio.
Elas permaneceram desligadas ontem durante todo o dia; o reinício da produção ocorreu às 17h50 em Angra 1 e 18h57 em Angra 2. Com a paralisação, a estatal Eletronuclear deixou de faturar R$ 3,9 milhões.
Após uma hora de apagão, o diretor de Operações da Eletronuclear, Pedro Diniz Figueiredo, declarou estado de alerta nas usinas, porque não havia previsão para o restabelecimento da energia e os sistemas de segurança, que refrigeram os reatores, dependiam apenas dos geradores a diesel.
A prefeitura e a Defesa Civil foram informadas do estado de alerta, assim como a Comissão Nacional de Energia Nuclear. Segundo Figueiredo, o alerta foi uma medida de precaução, mais gerencial do que técnica.
Duas linhas de alta tensão fornecem energia elétrica para as usinas nucleares. Ela precisa dessa energia para fazer o reator entrar em funcionamento, após as paralisações.
O blecaute atingiu Angra às 22h15, com bruscas oscilações nas duas redes de alta tensão. As bombas de refrigeração automaticamente desligaram-se, e as usinas pararam a produção.
"Eu tinha acabado de dormir. O ar-condicionado do meu quarto parou e, em seguida, meu telefone tocou. É má notícia, pensei", relatou o diretor. Imediatamente, Figueiredo e os três superintendentes locais foram para as usinas.
O estado de alerta é o segundo estágio na gradação das situações de risco de uma usina nuclear. A queda das duas linhas de alta tensão desencadeou o primeiro estágio, chamado de evento não usual, no qual são chamados os responsáveis por reparos, os chefes das usinas e o diretor de Operação.
A usina já tinha passado por apagão semelhante, há quatro anos, quando as duas redes de alta tensão ficaram sem energia por quatro horas, mas uma das usinas estava desligada para manutenção e não se chegou ao estado de alerta.
""Como o Operador Nacional do Sistema Elétrico [ONS] permanecia sem previsão para o retorno da energia, às 23h15 de terça-feira, optamos por subir o nível de emergência para estado de alerta", disse o diretor.
Os superintendentes divergiram sobre a necessidade da medida, mas o diretor deu o voto definitivo. Segundo ele, se os geradores a diesel falhassem, a perda da refrigeração do reator poderia ter consequências graves. Foi, diz ele, uma medida conservadora, pois Angra 2 possui oito geradores e Angra 1 tem dois geradores grandes (a primeira produz o dobro de energia da segunda). As usinas têm combustível suficiente para operar os geradores por 15 dias e os equipamentos não apresentaram problemas. "O alerta foi para termos certeza de que não haveria improviso, se a situação se agravasse."
Às 23h37, a energia foi restabelecida em uma das linhas de alta tensão e o ambiente desanuviou. Mas a declaração de emergência desencadeou algumas providências administrativas, como a convocação, no meio da noite, de alguns funcionários. "Foi um alerta técnico. Não teve corre-corre."


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