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Angra 1 e 2 ficam em alerta
pela 1ª vez
Por precaução, direção adotou medida, pois não havia previsão para volta de energia para refrigeração de reatores
Se refrigeração falhasse, consequências poderiam ser graves; com blecaute, usinas foram desligadas automaticamente
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Pela primeira vez desde que
foram inauguradas, as usinas
nucleares de Angra 1 e 2 estiveram sob estado de alerta. O blecaute do sistema elétrico causou o desligamento automático
das usinas, em Angra dos Reis,
no litoral sul, a 150 km do Rio.
Elas permaneceram desligadas ontem durante todo o dia; o
reinício da produção ocorreu às
17h50 em Angra 1 e 18h57 em
Angra 2. Com a paralisação, a
estatal Eletronuclear deixou de
faturar R$ 3,9 milhões.
Após uma hora de apagão, o
diretor de Operações da Eletronuclear, Pedro Diniz Figueiredo, declarou estado de alerta
nas usinas, porque não havia
previsão para o restabelecimento da energia e os sistemas
de segurança, que refrigeram
os reatores, dependiam apenas
dos geradores a diesel.
A prefeitura e a Defesa Civil
foram informadas do estado de
alerta, assim como a Comissão
Nacional de Energia Nuclear.
Segundo Figueiredo, o alerta
foi uma medida de precaução,
mais gerencial do que técnica.
Duas linhas de alta tensão
fornecem energia elétrica para
as usinas nucleares. Ela precisa
dessa energia para fazer o reator entrar em funcionamento,
após as paralisações.
O blecaute atingiu Angra às
22h15, com bruscas oscilações
nas duas redes de alta tensão.
As bombas de refrigeração automaticamente desligaram-se,
e as usinas pararam a produção.
"Eu tinha acabado de dormir.
O ar-condicionado do meu
quarto parou e, em seguida,
meu telefone tocou. É má notícia, pensei", relatou o diretor.
Imediatamente, Figueiredo e
os três superintendentes locais
foram para as usinas.
O estado de alerta é o segundo estágio na gradação das situações de risco de uma usina
nuclear. A queda das duas linhas de alta tensão desencadeou o primeiro estágio, chamado de evento não usual, no
qual são chamados os responsáveis por reparos, os chefes das
usinas e o diretor de Operação.
A usina já tinha passado por
apagão semelhante, há quatro
anos, quando as duas redes de
alta tensão ficaram sem energia
por quatro horas, mas uma das
usinas estava desligada para
manutenção e não se chegou ao
estado de alerta.
""Como o Operador Nacional
do Sistema Elétrico [ONS] permanecia sem previsão para o
retorno da energia, às 23h15 de
terça-feira, optamos por subir o
nível de emergência para estado de alerta", disse o diretor.
Os superintendentes divergiram sobre a necessidade da medida, mas o diretor deu o voto
definitivo. Segundo ele, se os
geradores a diesel falhassem, a
perda da refrigeração do reator
poderia ter consequências graves. Foi, diz ele, uma medida
conservadora, pois Angra 2
possui oito geradores e Angra 1
tem dois geradores grandes (a
primeira produz o dobro de
energia da segunda). As usinas
têm combustível suficiente para operar os geradores por 15
dias e os equipamentos não
apresentaram problemas. "O
alerta foi para termos certeza
de que não haveria improviso,
se a situação se agravasse."
Às 23h37, a energia foi restabelecida em uma das linhas de
alta tensão e o ambiente desanuviou. Mas a declaração de
emergência desencadeou algumas providências administrativas, como a convocação, no
meio da noite, de alguns funcionários. "Foi um alerta técnico. Não teve corre-corre."
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